Título: PIB cresce 4,3%, mas não empolga o governo
Autor: Brandão Junior, Nilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/06/2007, Economia, p. B1

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 4,3%, em termos reais (descontada a inflação), no primeiro trimestre, na comparação com igual período de 2006, somando R$ 596,2 bilhões, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O avanço foi conseqüência da expansão de 6% no consumo das famílias - maior taxa desde o primeiro trimestre de 2000 (10,3%) - e de 7,2% nos investimentos. Os resultados confirmam o predomínio do mercado interno no crescimento econômico, no lugar das exportações.

O governo demonstrou certa frustração com o PIB do trimestre. Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o resultado foi ¿mais ou menos¿. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, preferiu o adjetivo ¿adequado¿. E Guido Mantega, da Fazenda, insistiu que a economia caminha para os 4,5% previstos para o fim do ano.

Segundo o coordenador de Contas Nacionais do IBGE, Roberto Olinto, a alta de 6,4% da massa de rendimentos favoreceu o consumo privado, além do aumento de 24,6% no crédito para pessoa física. No caso dos investimentos, os estímulos vieram da redução dos juros (Selic), de 17,2% para 13,2%, do primeiro trimestre de 2006 para este ano, e da expansão de 25,4% no crédito da pessoa jurídica. A taxa de investimento foi de 17,2%, igual à de 2006 e a maior desde 2001.

As outras parcelas do PIB, pelo lado da demanda, cresceram assim: governo, 4%; exportações, 5,9%; e importações, 19,9%. Pela ótica da oferta, o setor de serviços cresceu 4,6%, a indústria, 3% (2,8%, no caso de transformação); e a agropecuária, 2,1%. Em relação ao trimestre anterior, o PIB cresceu 0,8%, com o consumo do governo aumentando 3,5%; os investimentos, 2,1%; e o consumo das famílias, 0,9%.

Olinto considerou que a aceleração econômica permanece estável. ¿Mantém-se o ritmo de crescimento perto de 1% no trimestre, ante o período anterior.¿ Na mesma base de comparação, os impostos sobre produtos cresceram 6,9%, por causa da maior arrecadação de tributos na importação.

Para a consultoria Rosemberg & Associados, ¿a demanda interna permanece o indutor do crescimento¿. Ela calculou que para o crescimento do PIB de 3,8% nos 12 meses encerrados em março a demanda interna contribuiu com 5,3 pontos porcentuais e a demanda externa teve efeito negativo de 1,5 ponto. As importações garantiram a inflação sob controle.

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) decidiu que vai rever ligeiramente para cima a previsão de expansão de 4,2% do PIB este ano, contou o economista Fábio Giambiagi. A MB Associados revisou a taxa de 4,3% para 4,5%. O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) avaliou que o resultado ¿pelo menos não corrobora o otimismo acerca do maior dinamismo econômico do País¿.