Título: Investimentos aumentam 7,2% e economista vê fim do 'vôo de galinha'
Autor: Brandão Junior, Nilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/06/2007, Economia, p. B6
A taxa de investimento da economia cresceu 7,2% no primeiro trimestre ante o mesmo período de 2006 e se consolidou como principal combustível entre os itens que formam o Produto Interno Bruto (PIB) - consumo das famílias, gasto governamental e setor externo.
Foi a 13ª vez que o Brasil apurou crescimento da taxa de investimento, também chamada de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), índice calculado a partir dos investimentos em construção civil e em bens de capital. O valor nominal do investimento foi de R$ 102,6 bilhões, 17,2% do PIB do período.
O resultado foi considerado por especialistas uma boa notícia para a economia brasileira, já que expande a capacidade de produção do País para além da demanda. 'Entramos num círculo virtuoso que não será quebrado, como ocorreu antes. Acho que saímos daquele vôo de galinha', considerou Luiz Carlos Mendonça de Barros, diretor da Quest Investimentos. Para o economista, o consumo das famílias é uma forte razão para a manutenção dos investimentos, mas há outras.
A queda da taxa de juros, a desoneração de 40 itens de material de construção, o aumento das importações e o ambiente de confiança são algumas das principais condições que produziram o resultado. 'A novidade deste PIB está no fato de que o crescimento está ocorrendo numa economia aberta (com importações)', explicou Mendonça de Barros.
Marcos Felipe Casarin, analista do Grupo de Conjuntura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), salienta que o benefício vai além da expansão do PIB. Para ele, o ciclo de investimento amplia o PIB potencial (quanto o País pode crescer sem inflação). 'Ninguém conseguiu mensurar nos últimos tempos, mas o certo é que esse PIB potencial não é mais aquele pouco acima de 3%', disse Casarin. Mendonça de Barros diz que o porcentual já estaria em 6%, que foi a expansão do consumo das famílias no trimestre.
Com uma carteira de encomendas que totaliza R$ 1,4 bilhão, a Dedini, empresa de bens de capital, ajudou a elevar a taxa de investimento no primeiro trimestre. Segundo o vice-presidente, Sérgio Leme, a empresa pretende desembolsar R$ 50 milhões neste ano, metade do que foi aplicado nos últimos quatro anos. De 2007 a 2010, serão R$ 200 milhões.
Responsável por 65% da Formação Bruta de Capital Fixo no Brasil, a construção civil deve duplicar neste ano os investimentos em habitação, de R$ 15 bilhões em 2006 para R$ 32 bilhões.