Título: Mão-de-obra da construção puxa alta do IGP-M
Autor: Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/06/2007, Economia, p. B9

A disparada nos preços de mão-de-obra na construção civil (de 0,28% para 3,04%) puxou para cima a primeira prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de junho, que subiu 0,31% - bem acima da queda de 0,19% em igual prévia de maio. O resultado assustou o mercado financeiro, que esperava uma taxa de, no máximo, 0,23%. Mas, para o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, a taxa não foi surpresa. 'Os preços da construção civil sempre sobem nessa época do ano. O resultado foi inteiramente previsível', disse.

Usado para reajustar preços de aluguel e de energia elétrica, o IGP-M acumula alta de 1,51% no ano e de 3,94% em 12 meses, até a primeira prévia de junho, que vai do dia 21 a 31 de maio. Para o economista da FGV, o resultado abre espaço para uma taxa fechada em junho bem maior do que a de maio - quando o índice subiu apenas 0,04%.

Na primeira prévia de junho, cerca de dois terços da taxa de 0,31% são referentes aos preços da construção civil. Pressionada pelo aumentos nos preços de mão-de-obra, a inflação no setor de construção triplicou, de 0,54% para 1,79%, na passagem da primeira prévia de maio para igual prévia em junho. 'A construção civil foi a grande estrela dessa primeira prévia do IGP-M', afirmou o economista.

Segundo Quadros, nesta época do ano, ocorrem as resoluções de dissídios salariais em várias capitais do País. Dessa vez, foram em cinco: Distrito Federal, Goiânia, Florianópolis, Fortaleza e São Paulo - a de maior peso na formação do índice da construção.

Os preços da construção não foram os únicos a registrarem aceleração de preços. A FGV também apurou o fim das deflações no atacado (de -0,37% para 0,15%) e no varejo (de -0,02% para 0,14%), da primeira prévia de maio para a primeira de junho. Os dois setores foram influenciados por alimentos mais caros.