Título: Meta de inflação para 2009 pode cair para 4%
Autor: Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/06/2007, Economia, p. B9

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse ontem que ainda será tema de debate dentro do governo federal a possível fixação da meta de inflação de 2009 em 4%, em vez dos 4,5% fixados para 2007 e 2008. Ele explicou que, em tese, há espaço para baixá-la porque o índice de inflação de 2006 foi de 3,14% e a projeção para este ano é de 3,5%.

A decisão de reduzir ou não a meta de inflação será tomada no próximo dia 28, em reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN). Na pauta do encontro está a escolha da meta para 2009 e a confirmação ou não da meta de 2008. Segundo Bernardo, o governo vai ouvir outras opiniões antes de tomar qualquer iniciativa.

Em tese, a decisão é do Conselho Monetário Nacional, que é formado por três pessoas: o ministro da Fazenda, o ministro do Planejamento e o presidente do Banco Central.

O tema, no entanto, divide o governo. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já declarou diversas vezes ser favorável à manutenção da meta em 4,5%. Já Paulo Bernardo e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, defendem nos bastidores uma meta de 4%.

Embora pareça apenas um número, o que está em discussão é, de fato, a forma como será conduzida a política de juros do governo. Pelo sistema atualmente usado no País, o CMN fixa uma meta de inflação e o Banco Central manobra a taxa de juros para que essa meta seja atingida.

Quando a inflação tende a ficar acima da meta, a taxa de juros é elevada, dando uma 'freada' na economia e nos índices de preços ao consumidor.

Mantega acha desnecessário mudar a meta de inflação, porque avalia que a economia brasileira tem tido um bom desempenho com a atual meta, que é de 4,5%.

Uma meta mais ambiciosa poderia exigir, caso haja mudança no cenário econômico internacional, a interrupção da trajetória de queda da taxa de juros. Isso, por sua vez, poderia comprometer as taxas de crescimento do País.

Quem defende a redução da meta de inflação avalia que ela não traz sacrifícios extras, pois os indicadores atualmente já estão abaixo da meta estabelecida de 4,5%.