Título: Mistura de álcool anidro na gasolina vai a 25%
Autor: Goy, Leonardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/06/2007, Economia, p. B15

O governo anunciou ontem o aumento do porcentual de álcool na gasolina. A partir de 1º de julho, a mistura passará a ser de 25%, dois pontos porcentuais a mais do que a que vigorou de novembro até agora. A mudança atende a um pedido das usinas e vai gerar demanda adicional de 400 milhões de litros por ano. Com o início da colheita de cana-de-açúcar, a oferta de combustível aumentou, derrubando a cotação do álcool.

Entre janeiro e maio deste ano, os preços médios nas usinas recuaram 18,3%. 'A queda dos preços ainda não foi percebida pelos consumidores, mas as usinas a sentiram. Isso significa que alguém está ganhando dinheiro', disse o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. A expectativa do ministro é de que ocorra queda no preço tanto no caso do álcool anidro (misturado à gasolina) quanto do hidratado (usado diretamente no tanque).

A queda observada nas usinas não foi repassada ao consumidor. Enquanto as usinas receberam 18% menos nos cinco primeiros meses do ano, os valores na bomba foram reajustados, em média, em 6,5%.

Segundo Stephanes, a demanda adicional de álcool não significará um risco de abastecimento. 'Nossa oferta é suficiente. Temos uma grande safra de cana e iremos gerar um excedente ao redor de 4 bilhões de litros para serem exportados', disse o ministro.

O último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica que a produção brasileira de cana será de 527,98 milhões de toneladas, 11,2% a mais do que no ano passado. Com esse volume de matéria-prima, a expectativa é que sejam produzidos entre 20 bilhões e 22 bilhões de litros de etanol, um recorde na oferta do combustível, para atender uma demanda nacional de 15 bilhões de litros.

Além do aumento na mistura, Stephanes anunciou ontem a criação de um grupo de trabalho com representantes do Ministério da Agricultura, usinas e coordenados pelo Ministério de Minas e Energia, para minimizar os efeitos das flutuações de preços. O grupo irá trabalhar em três linhas de ação. A primeira é o estímulo para formação de contratos de longo prazo entre os fornecedores e os distribuidores de combustível. A segunda estratégia é a fixação de preços na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), enquanto a terceira é a formação de estoques reguladores.

NÚMEROS

23% era a concentração anterior de álcool anidro misturado à gasolina

527,98 milhões de toneladas deve ser a produção brasileira de cana-de-açúcar neste ano, 11,2% a mais do que no ano passado.

15 bilhões de litros é o consumo anual de álcool no Brasil. A produção este ano deve variar de 20 a 22 bilhões de litros.