Título: Flexibilização da proposta repete táticas do Centrão
Autor: Leal, Luciana Nunes
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/06/2007, Nacional, p. A9

O destino do projeto de listas fechadas para a eleição de deputados repetiu o estilo de soluções políticas adotado pelo chamado Centrão, durante a votação da Constituinte, em 1988. Majoritário no Congresso, sempre que uma votação dividia os parlamentares, os integrantes do grupo propunham empurrar o impasse para leis complementares, a serem aprovadas mais tarde, ou para mecanismos de transição, como as disposições transitórias.

Agora, os principais dirigentes partidários, que apóiam o sistema de listas fechadas, cederam no conteúdo para garantir a votação e não paralisar o andamento da reforma política. Como nos tempos do Centrão, ressurgiram as soluções engenhosas que parecem contornar os problemas, mas apenas protelam as discussões.

O velho estilo do Centrão ressurgiu. Os grandes partidos queriam apoiar o sistema de lista fechada, no qual o eleitor vota no partido, e não em candidatos; cada partido elege um número de candidatos proporcional ao total de votos recebidos pela legenda, obedecendo à ordem dos nomes colocados na lista.

Mas houve resistência ao projeto e surgiu a alternativa apelidada de 'totalflex': o voto em lista é adotado, mas o eleitor poderá alterar a ordem dos candidatos. Na prática, poderá escolher entre votar na lista ou definir um candidato, o que mantém o sistema atual.

O problema é que o interesse dos maiores partidos pela reforma política não se resume ao sistema de lista fechada. Se não houver consenso, o projeto pode mudar para permitir que itens essenciais da reforma - como o financiamento público de campanha - possam ser rapidamente aprovados e adotados já nas próximas eleições.

'Com o financiamento público de campanha aprovado quatro ou cinco candidatos majoritários saem do mesmo patamar no começo da campanha', explica Rodrigo Maia (DEM-RJ).