Título: 43 cursos não poderão ser abertos
Autor: Sant¿Anna, Emilio
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/06/2007, Vida&, p. A21
A expansão indiscriminada dos cursos de Medicina e Direito no Brasil - houve um crescimento de 45% em quatro anos, apenas no primeiro caso - pode começar a diminuir. O Ministério da Educação (MEC) anunciou ontem o veto à autorização para funcionamento de 43 deles - 10 de Medicina e 33 de Direito, todos privados.
Na região Sul, 8 autorizações foram suspensas, 12 no Sudeste, 7 no Centro-Oeste, 10 no Nordeste e 6 na região Norte. São cursos que ainda não foram abertos e tiveram seus pedidos de autorização deferidos pelo MEC entre 2002 e 2005. O ministério não quis divulgar o nome das instituições de ensino.
O motivo do veto agora foi o pedido de reavaliação da Secretaria de Educação Superior (Sesu), órgão do ministério, amparado na portaria 147, de fevereiro deste ano. De acordo como a nova norma, os cursos que receberem parecer negativo do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) devem reapresentar os pedidos de autorização de acordo com as exigências legais.
¿As entidades consideraram que as autorizações desses cursos demandavam mais informações e a Sesu ouviu essa recomendação¿, explica Dilvo Ristoff, diretor de Estatísticas e Avaliações de Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC).
As entidades não têm poder de veto, mas com a nova legislação passaram a ser ouvidas com mais atenção, segundo os especialistas.
Após o pedido de reavaliação das autorizações, a secretaria estabeleceu uma nova comissão de avaliação e os 43 cursos foram reprovados por não se enquadrarem em todas as exigências da portaria. O órgão responsável pelo acompanhamento dos processos foi a Comissão Técnica de Acompanhamento de Avaliação (CTAA), formada por membros do MEC, do Inep e por representantes acadêmicos.
De acordo com Ristoff, membro da comissão, a CTAA entendeu que as autorizações deveriam ser anuladas e que os cursos deveriam passar por nova avaliação. ¿Como os cursos entraram com os pedidos antes da nova portaria, entendemos que têm todo o direito de passar por nova avaliação¿, diz. ¿O critério era outro e o nível de exigências também. Agora vão ter de se ajustar.¿
FECHAMENTO DE CURSOS
Para o secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Ronaldo Mota, a portaria cria um ¿refinamento na avaliação dos pedidos de autorização¿ desses cursos. ¿Nosso papel no MEC é cumprir a lei¿, afirma. ¿Ouvir o Conselho Nacional de Saúde e a Ordem dos Advogados do Brasil está na lei.¿
O secretário explica que a CTAA será acionada sempre que houver falta de concordância entre a avaliação do Inep e dos conselhos representativos (OAB e CNS). ¿É uma forma de evitar decisões personalizadas¿, diz.
A partir deste ano, o ministério pretende passar a fiscalizar mais de perto também os cursos da área de saúde que já funcionam. ¿No futuro podemos ser mais flexíveis com as aberturas se o poder público se mostrar capaz de fechar os cursos de má qualidade¿, afirma.