Título: Copom deve manter ritmo de corte da taxa Selic
Autor: Oliveira, Ribamar
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/06/2007, Economia, p. B1

O modesto crescimento da indústria e a boa expansão dos investimentos no primeiro trimestre são dois dos fatores que reforçam a aposta de analistas em cortes de 0,50 ponto porcentual nas duas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), em julho e em setembro.

'O Copom deve manter o ritmo de 0,50 ponto para tentar aumentar o dinamismo da indústria', disse Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating. O Produto Interno Bruto (PIB) industrial cresceu 3% entre janeiro e março ante o mesmo período de 2006, abaixo da expectativa dos especialistas.

Para Agostini, o desempenho da indústria foi o que mais decepcionou nos dados divulgados quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Sérgio Vale, economista da MB Associados, avalia que, mais do que a indústria, o Copom está de olho nos investimentos, que cresceram 7,2% nos 12 meses encerrados em março. 'Isso significa que a capacidade de produção da economia está se expandindo, o que reduz os riscos de inflação.'

Assim como Agostini, Vale projeta cortes de 0,50 ponto porcentual nas duas próximas reuniões do Copom. Ele ainda estima duas reduções de 0,25 ponto porcentual, em outubro e dezembro, o que levaria a taxa básica de juros para 10,5% ao ano ao final de 2007.

O economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa, também prevê redução de 0,50 ponto porcentual da Selic no encontro do Copom em julho. Mas não acredita que o resultado da indústria no primeiro trimestre terá influência na decisão. 'Os dados de maio indicam que a atividade industrial está num bom ritmo.'

Os números da indústria no primeiro trimestre, aliás, surpreenderam Rosa: 'Os dados das pesquisas mensais da indústria do próprio IBGE apontavam para um resultado melhor'. Sua estimativa era de uma expansão de 3,3% para o setor. Na avaliação do economista, o desencontro se deve a diferenças metodológicas.