Título: Procuradoria vai analisar se Renan falsificou documentos
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Fonte: O Estado de São Paulo, 16/06/2007, Nacional, p. A4

Se entender que vale investigação, Antonio Fernando de Souza pode pedir abertura de inquérito no Supremo

No Conselho de Ética, arquivamento do caso era certo, mas nova denúncia complicou situação do senador

Sibá anuncia perícia nas notas fiscais sob suspeita, mas não vai apurar se venda de gado realmente ocorreu

Em questão de horas, o caso do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), migrou da certeira absolvição no Conselho de Ética para a mesa do procurador-geral de Justiça, Antonio Fernando de Souza. Quando Renan estava praticamente livre do processo político por denúncia de que tinha contas pessoais pagas pela empreiteira Mendes Júnior, o Jornal Nacional revelou, anteontem, que o senador usou notas frias, recibos de empresas inativas ou multadas para se defender no colegiado.

O procurador-geral, que até então não se manifestara, decidiu analisar a suspeita. Se concluir que vale investigação aprofundada, pode pedir inquérito ao Supremo Tribunal Federal (STF). No conselho, onde só faltava efetivar a absolvição, sem ouvir as testemunhas, o rápido desfecho acabou adiado para a próxima reunião, na terça-feira.

O cacique alagoano passou a madrugada de ontem disparando telefonemas. ¿Não vou desonrar o Senado e lutarei até o fim¿, avisava, em conversas com senadores do PT, PMDB e PSB, logo cedo. Entregou novos documentos, dizendo que encerrariam de vez o caso. Procurou outros partidos, fez corpo-a-corpo, agiu nos bastidores. A intensa articulação, porém, não esfriou o escândalo.

Sibá Machado (PT-AC), presidente do Conselho de Ética, anunciou uma perícia nas notas fiscais. Mas, por pressão de aliados de Renan, avisou: só vai apurar se elas são originais e se há relação com a movimentação bancária do senador. Investigar as suspeitas de pagamentos da Mendes Júnior, ouvir a denunciante e apurar a veracidade das vendas de gado em Alagoas, por ora, está fora de cogitação.