Título: 'Lula fez interrogatório sobre PIB'
Autor: Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/06/2007, Economia, p. B3

Os ministros da área econômica passaram um mau bocado anteontem, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou sabendo que o Produto Interno Bruto (PIB) havia crescido 4,3% no primeiro trimestre deste ano, em comparação com igual período de 2006. Até então, Lula havia ouvido de seus auxiliares a promessa de taxas mais robustas, de 4,5% ou mais.

'Ele fez um interrogatório, queria saber por que não foi como o esperado', contou ao Estado o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. O presidente perguntou também qual havia sido o impacto do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no PIB. 'Nenhum', ouviu de Paulo Bernardo.

Segundo o ministro, o PAC não interferiu na taxa de crescimento do primeiro trimestre porque os recursos para os investimentos do programa só começaram a ser liberados na segunda quinzena de março. Portanto, não houve tempo para que o PAC pudesse ter efeito sobre o PIB.

Bernardo assegurou que o resultado no segundo trimestre será melhor, porque a base de comparação com 2006 é fraca. Os dados do IBGE mostram que houve desaceleração da economia no segundo trimestre de 2006. Por isso, a comparação com os dados de 2007 tende a mostrar uma taxa de expansão elevada. 'Não tem jeito de ser ruim', assegurou.

Os resultados também serão melhores no segundo trimestre porque vão mostrar algum reflexo do PAC. 'Os projetos estão ganhando velocidade', assegurou Bernardo. O maior volume de investimentos deverá elevar a chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), um dado considerado importante porque sinaliza as perspectivas de crescimento da economia em prazos mais longos.

Embora os projetos do PAC tendam a deslanchar ao longo dos próximos meses, Bernardo acha que não será possível, este ano, aplicar na totalidade os R$ 15 bilhões reservados para os investimentos prioritários do governo. Para tirar obras do papel é preciso elaborar projetos, obter licenças, fazer licitações para contratar as empresas que executarão os projetos, e tudo isso leva tempo. 'Mas certamente vamos acelerar muito o volume de investimentos', assegurou o ministro.