Título: Petrobrás é única interessada em ampliar Gasbol
Autor: Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/06/2007, Economia, p. B11

Trecho sul do gasoduto Brasil-Bolívia terá capacidade aumentada para comportar GNL da África e do Caribe

A Petrobrás foi a única empresa a apresentar propostas para a ampliação do trecho sul do Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), que liga São Paulo ao Rio Grande do Sul. A estatal informou à operadora do duto, Transportadora Brasileira do Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG), que pretende ampliar em 5,2 milhões de metros cúbicos por dia a capacidade de transporte do trecho. O objetivo é inserir na tubulação parte do gás que será importado na forma de gás natural liqüefeito (GNL).

O processo de ampliação do duto foi aberto a pedido da própria Petrobrás, uma vez que o trecho sul já se encontra perto do limite de capacidade de transporte, que é menor à medida que a tubulação avança rumo a Canoas (RS).

No primeiro trecho, entre Campinas e Araucária (PR), por exemplo, a capacidade é de 6 milhões de metros cúbicos por dia; no último, entre Siderópolis (SC) e Canoas, é de 1,2 milhão de metros cúbicos por dia.

Atualmente, por causa das dificuldades de abastecimento do combustível, não é possível ligar ao mesmo tempo as duas térmicas abastecidas pelo Gasbol na região - Araucária, no Paraná, e Canoas, no Rio Grande do Sul.

O projeto não envolve aumento de compras do gás boliviano, uma vez que o combustível a ser inserido no trecho sul do Gasbol virá, principalmente, do terminal de GNL projetado para a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro.

O terminal deve entrar em operação no ano que vem e será uma alternativa de importação à Bolívia, com cargas compradas no mercado africano ou no Caribe. GNL é o gás transportado em navios na forma líquida e regaseificado antes de ser inserido na rede de gasodutos.

A Petrobrás pretende usar a tecnologia para abastecer usinas térmicas, já que a possibilidade de armazenagem permite a assinatura de contratos flexíveis de fornecimento, nos quais uma usina só terá gás quando for chamada pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) elétrico a operar.

Conforme determina a legislação, a TBG teve de abrir uma consulta pública para identificar se havia outros interessados em investir na ampliação do trecho sul do duto. A consulta terminou na última segunda-feira, sem que outras empresas demonstrassem interesse no projeto.

INCERTEZAS

As incertezas em relação ao gás boliviano e a falta de descobertas no Brasil diminuíram o ímpeto das companhias estrangeiras com relação ao mercado brasileiro de gás.

No ano do passado, por exemplo ,cinco empresas apresentaram propostas para participar da expansão do Gasbol, mas o processo foi suspenso após a nacionalização das reservas bolivianas, anunciada pelo governo do presidente Evo Morales.