Título: Receita mira Renan, que arma resistência no Conselho de Ética
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Fonte: O Estado de São Paulo, 17/06/2007, Nacional, p. A4

Sem explicação razoável sobre a origem de recursos, Presidente do Senado tenta salvar o seu mandato; Auditores da Receita querem saber se ele praticou crime fiscal nos negócios que diz ter feito com gado; Peritos da PF começaram ontem a examinar notas fiscais relativas a supostas operações de venda

Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, luta desesperadamente para salvar seu mandato. Apesar de controlar a maioria dos votos no Conselho de Ética - que investiga se despesas pessoais do senador decorrentes de um relacionamento extraconjugal com a jornalista Mônica Veloso eram bancadas pelo lobista de uma empreiteira -, Renan não consegue dar uma explicação razoável sobre a origem dos recursos que usou para pagar pensão e aluguel de um imóvel à mãe de sua filha.

Desde quinta, quando o Jornal Nacional exibiu uma reportagem mostrando que as notas exibidas pelo senador para justificar a venda de bois de sua fazenda eram frias, a situação de Renan se complicou. Na sexta, ele procurou seus colegas na Casa para apresentar novos documentos que comprovariam a veracidade das transações. Só que, mais uma vez, não exibiu os papéis para a imprensa.

Se o Senado resiste a investigá-lo, a ponto de o relator no Conselho de Ética, Epitácio Cafeteira (PTB-MA), ter dito que não mudará seu parecer recomendando o arquivamento do caso em hipótese nenhuma, o cerco se fecha contra Renan em outras frentes. A Receita Federal quer saber se o presidente do Senado praticou crime fiscal nos negócios que diz ter feito com gado. E, anteontem, o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, já tinha avisado que deve investigar se Renan falsificou documentos na defesa que entregou ao Conselho de Ética. Se isso ficar comprovado, estaria caracterizada a quebra de decoro parlamentar. Ontem, peritos da Polícia Federal começaram a examinar a autenticidade das notas fiscais.