Título: No Incra, 29 das 30 unidades regionais estão paralisadas
Autor: Nossa, Leonencio e Gomes, Fabíola
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/06/2007, Nacional, p. A8

A greve dos funcionários do Incra, que chega hoje ao 39º dia, já paralisou a maior parte dos serviços em 29 das 30 superintendências regionais distribuídas pelo País. A sede da instituição, em Brasília, também foi atingida.

O movimento prejudica principalmente o andamento da reforma agrária. Já passam de R$ 80 milhões os recursos destinados à reforma que estão parados no Incra por causa da greve. Esse dinheiro destina-se principalmente à assistência das famílias recém-assentadas.

Esta é a quarta greve no Incra desde que Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao poder. O presidente da entidade, Rolf Hackbart, seguindo orientação do governo federal, determinou o corte do ponto de 621 funcionários grevistas em diversas superintendências. Em cinco unidades - Distrito Federal, Santa Catarina, Maranhão, Ceará e Sergipe -, os funcionários obtiveram liminares judiciais que suspenderam o corte.

Em outras 12 unidades a determinação da presidência não pôde ser cumprida porque os funcionários estão obstruindo a entrada dos prédios. O Incra tenta recuperar o controle das sedes das superintendências e também recorre na Justiça, na tentativa de derrubar as liminares que impedem o corte do ponto. Dias atrás a autarquia obteve autorização judicial para manter os serviços básicos em funcionamento, com um contingente mínimo de 30% do pessoal.

Os funcionários têm uma longa pauta de reivindicações. A principal é a reestruturação da carreira. Segundo Rosane Rodrigues, da Confederação das Associações de Servidores do Incra, a reestruturação acertada com o governo em 2005 não saiu do papel. ¿Na soma geral, 80% dos nossos vencimentos são gratificações, não estão incorporados aos salários¿, diz. ¿Entre as autarquias federais, a nossa é a que paga pior.¿

A greve também tem razões políticas. Os servidores acusam Lula de não dar atenção à reforma agrária. Entre outras demandas, querem a mudança dos índices de produtividade rural - o que permitiria obter mais terras para a reforma.