Título: Primeira versão não saiu do papel
Autor: Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/06/2007, Economia, p. AB7

A promessa do ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, de estabelecer uma nova política industrial para o País foi bem recebida por empresários do setor. Segundo eles, apesar da promessa, até agora o governo efetivamente pouco fez para incentivar o desenvolvimento do setor .

'Infelizmente, a política industrial anunciada no primeiro governo do presidente Lula não trouxe nenhum resultado prático', diz Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). 'Agora, com a ida do professor Luciano Coutinho para o BNDES, acredito que vamos ter medidas bastante práticas e objetivas, que irão fazer com que as propostas saiam do papel.'

Lançada em 2004, a política industrial de Lula elegeu quatro setores considerados estratégicos por sua capacidade de acelerar o crescimento no longo prazo: semicondutores, fármacos, softwares e bens de capital. Barbato, que se encontrou recentemente com Jorge e Coutinho, conta ter ouvido deles a disposição de estender os benefícios da política a um número maior de setores, como informática, telecomunicação e componentes eletrônicos.

Para o economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, Edgard Pereira, a nova política tem de incorporar o impacto de desestruturação provocado pelo poder de competição da China. 'A indústria chinesa impôs um choque deflacionário no custo de produção industrial que tem efeito sobre o mundo e o Brasil.' O presidente eleito da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, Luiz Aubert, diz que o País tem hoje uma antipolítica industrial. 'Com esse câmbio e essa carga tributária, o que temos é uma política de desindustrialização.'