Título: Atraso em adesão ajuda a Venezuela
Autor: Chrispim Marin, Denise e Palacios, Ariel
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/06/2007, Economia, p. B10
Para diplomatas, Chávez desistiu de abrir mercado a Brasil e Argentina
O atraso na tramitação do protocolo de adesão plena da Venezuela ao Mercosul, há quatro meses congelado no Congresso brasileiro, beneficiará o próprio presidente venezuelano, Hugo Chávez, que já não se mostra nada propenso a abrir o mercado de seu país aos produtos argentinos e brasileiros.
Diplomatas da Argentina e do Brasil, reunidos ontem para a 33ª Reunião de Cúpula do Mercosul, avaliam que Chávez mudou de planos, não quer assumir o ônus de recuar e espera por uma decisão negativa dos parlamentares brasileiros.
Há quatro meses, o protocolo está na Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul da Câmara dos Deputados, onde acabou congelado desde os ataques de Chávez ao Congresso. O texto ainda terá de passar por outras duas outras comissões até ser enviado ao plenário da Câmara, de onde será remetido, se aprovado, ao Senado.
Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) chama a atenção para o fato de o protocolo permitir à Venezuela usufruir dos direitos de um membro pleno a partir da ratificação do texto pelos Legislativos dos países. Mas suas obrigações serão postergadas. Em especial, adverte a CNI, será jogada para adiante a liberalização do seu mercado para produtos de Brasil e Argentina.
A CNI alerta que tampouco há definição sobre a participação da Venezuela nas negociações em curso do Mercosul com outros países ou blocos, como Israel e o Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), nem sobre a adesão a acordos já firmados pelo bloco.