Título: Senadores exigem mais explicações de novo presidente
Autor: Costa, Rosa., Moraes, Marcelo de e Scinocca, Ana P
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/06/2007, Nacional, p. A10

Responsável pelo Conselho de Ética é alvo de processo na STF por fraudes em diversos processos de licitação

Senadores exigiram ontem que o novo presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), dê explicações sobre as denúncias sobre prática de fraudes em licitações que pesam contra ele para que possam avaliar sua permanência no comando do colegiado. O peemedebista é alvo de processos de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) e na Procuradoria-Geral da República.

Primeiro vice-presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC), disse que as acusações contra Quintanilha podem ¿suscitar muita pressão política, tanto por parte da sociedade como do próprio Congresso, para que haja renúncia ao cargo¿.

Líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), saiu em defesa do colega de partido. ¿Não existe nenhum impedimento legal contra o senador Quintanilha que o impeça de presidir o Conselho de Ética¿, afirmou Jucá. ¿Ele foi eleito pelo Conselho de Ética com toda a legitimidade para analisar o caso do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).¿

Quintanilha foi eleito para comandar o colegiado depois da renúncia do petista Sibá Machado (AC), na terça-feira. Apoiado pelo grupo político de Renan dentro do PMDB e pela bancada do PT, ele derrotou por 9 votos a 6 a candidatura do líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), que representava os partidos de oposição.

As novas denúncias, segundo Tião Viana, provocam ¿mais uma crise¿ no Conselho de Ética. De acordo com as acusações, Quintanilha teria praticado fraudes em quatro licitações. O Ministério Público, com base em recibo e perícia, o acusa de receber propina em troca de emendas ao Orçamento da União destinadas a obras. As investigações da procuradoria concentram-se em três emendas do senador, de 1998, que somam R$ 280 mil. A acusação produziu dois inquéritos sigilosos no Supremo.

PRESSÃO

Integrantes de outros partidos, como o PSDB e o PSOL também cobraram ontem uma posição de Quintanilha. Para o líder do PSOL na Câmara, Chico Alencar (RJ), a permanência do peemedebista no comando do Conselho de Ética ¿é temerária¿.

Apesar da pressão, o peemedebista descartou a hipótese de renunciar ao cargo de presidente do conselho, segundo sua assessoria de imprensa. O senador estava no Tocantins em atividades com o governador Marcelo Miranda (PMDB).

No PDT, a rejeição ao nome de Quintanilha veio do senador Cristovam Buarque (DF). Segundo Cristovam, Quintanilha ¿não tem isenção¿ para atuar como presidente do conselho. ¿O presidente não tem a isenção nem está acima das suspeitas que é preciso ter alguém que é presidente do Conselho de Ética¿, disse.

FRASES

Cristovam Buarque Senador (PDT-DF)

¿Quintanilha não tem isenção nem está acima das suspeitas¿

Romero Jucá (PMDB-RR) Líder do governo

¿Quintanilha foi eleito com toda a legitimidade¿