Título: Ciberataques atingem críticos do Kremlin
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Fonte: O Estado de São Paulo, 30/06/2007, Internacional, p. A28

Ataques a sites russos ligados a grupos de oposição são semelhantes aos que atingiram Estônia

Partidos opositores ao governo do presidente russo, Vladimir Putin, e veículos de comunicação de mídia independente estão acusando o Kremlin de uma onda de ciberataques a seus sites na internet, no que acreditam ser um atentado contra a última fonte de informação livre na Rússia. Segundo as vítimas, os ataques - cujo objetivo é tirar o servidor dos sites do ar - buscam prejudicar a oposição nas eleições parlamentares em dezembro e nas eleições presidenciais em março.

¿Uma enorme guerra de informação vai acontecer na Rússia antes das eleições¿, afirmou Oleg Panfilov, membro do Centro de Jornalismo em Situações Extremas. Segundo Panvilov, a pressão em cima dos sites russos de oposição ao governo deve aumentar quando as eleições se aproximarem. ¿Publicações online serão tiradas do ar e haverá também muita pressão em cima dos usuários da internet¿, avaliou.

O analista político Stanislav Belkovski afirmou que uma pessoa próxima a Putin está liderando os ciberataques. Segundo Belkovski, o Kremlin está incomodado por não poder controlar o conteúdo da mídia online. O governo negou as acusações e disse não estar envolvidos nas ações.

Os ciberataques acontecem quando um site recebe muitos acessos ao mesmo tempo, fazendo com que os servidores sejam sobrecarregados e saiam do ar. Segundo especialistas de informática, bloquear esse tipo de ataque é difícil porque o servidor não consegue distinguir acessos legítimos de ataques de hackers.

O Partido Nacional Bolchevique disse que seus sites sofreram ataques entre fevereiro e abril quando o grupo usou a internet para organizar marchas contra Putin em Moscou e São Petersburgo. Segundo o responsável pelo site do partido, Alexei Sochnev, os ataques foram sofisticados e poderosos. ¿Conseguiram tirar do ar um servidor americano que carregava nossas páginas¿, disse Sochnev. Após os ataques, os acessos ao site diminuíram de 6 mil para 2 mil visitas por dia. De acordo com os líderes do partido , o número de pessoas que freqüentava os protestos caiu depois da onda de ataques.

O editor do jornal Kommersant, Pavel Chernikov, disse que o site de seu jornal também foi atacado no começo de maio. Segundo o editor, o ataque foi uma retaliação do governo à publicação de uma transcrição de um interrogatório do magnata russo Boris Berezovski na internet. Ataques também conseguiram tirar do ar o site de uma rádio de Moscou que critica constantemente o governo.

Os ciberataques aos sites russos são semelhantes aos que aconteceram na Estônia no mês passado durante três semanas.

Após uma divergência entre a Rússia e a Estônia sobre um memorial de guerra da era soviética, o ciberespaço estoniano foi submetido a um fogo de barragem que desativou sites na internet de ministérios do governo, partidos políticos, jornais, bancos e empresas. Na época, fontes da Estônia afirmaram que a maior parte dos ataques vinha de computadores do Kremlin.