Título: Chávez quer submarinos russos para 'defender a revolução'
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Fonte: O Estado de São Paulo, 30/06/2007, Internacional, p. A28

Venezuela também estuda compra de sistema antimíssil

A Venezuela mantém negociações com a Rússia para adquirir cinco submarinos de propulsão a diesel, assim como armamento aéreo, revelou ontem Innokenti Naletov, conselheiro da agência pública russa de armamento Rosoboronexport.

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, confirmou ontem a um grupo de deputados russos que seu governo está negociando a compra de cinco submarinos russos para ¿defender a revolução venezuelana¿, segundo informou ontem a agência de notícias Ria-Novosti. Chávez disse que os EUA ameaçam constantemente a Venezuela, por isso seu país precisa dos submarinos, disse a deputada Elena Drapeko à Ria-Novosti.

O governo venezuelano está interessado nos submarinos do tipo 636, de última geração. Ele é silencioso, tem capacidade para disparar até quatro mísseis com 220 km de alcance, está equipado com 18 torpedos e pode navegar sem subir à superfície por 45 dias. O preço do submarino não foi divulgado. Chávez, que deve visitar hoje uma fábrica de helicópteros, também estaria interessado em um sistema de defesa para interceptar mísseis a longas distâncias, segundo a mídia russa. A corrida armamentista da Venezuela tem despertado críticas dos EUA. Nos últimos 18 meses, a Venezuela comprou 53 helicópteros e 24 aviões Sukhoi 30, além de 100 mil fuzis Kalashnikov, com um gasto estimado em US$ 3 bilhões.

Em declarações na Câmara de Comércio e Indústria, Chávez também pediu aos empresários russos que invistam na Venezuela, especialmente na faixa do Rio Orinoco, uma das maiores reservas de petróleo do mundo. Segundo Chávez, os EUA levaram todo o petróleo que puderam da Venezuela, ¿como o Conde Drácula¿. ¿O vampiro sugando nossa riquezas e secando o país.¿ A Lukoil, a maior empresa petrolífera privada russa, promete investir na Venezuela, mas nega que vá substituir as petrolíferas americanas ExxonMobil e ConocoPhillips, que abandonaram o país no começo da semana. Ele pediu às empresas russas que invistam na construção de um gasoduto de mais de 8 mil quilômetros (até a Argentina) e desenvolvam as minas de ouro e outras indústrias.

Chávez reuniu-se ontem com o presidente da Bielo-Rússia, Alexander Lukachenko, e o felicitou pela forma como governa seu país - que tem recebido repetidas críticas internacionais por violações aos direitos humanos e falta de eleições livres. Chávez disse que seu país e a Bielo-Rússia - ambos críticos de Washington - eram ¿irmãos¿ contra um ¿império mundial¿ e prometeu levar adiante projetos econômicos conjuntos para consolidar suas ligações.