Título: Britânicos detêm 5 suspeitos e se preparam para 'ameaça prolongada'
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Fonte: O Estado de São Paulo, 02/07/2007, Internacional, p. A9

Após detecção de carros-bomba na sexta-feira e ataque em Glasgow, no sábado, Brown pede à população que fique alerta

A polícia britânica prendeu ontem mais um suspeito de envolvimento no ataque de sábado ao aeroporto de Glasgow, na Escócia, e nos planos para explodir dois carros no centro de Londres, descobertos na sexta-feira. As autoridades também detonaram ontem um veículo suspeito estacionado na frente do hospital onde um dos envolvidos no ataque em Glasgow está internado.

No fim de um dia de verdadeira caçada aos supostos terroristas interessados em atacar a Grã-Bretanha, as autoridades fecharam ontem um terminal do aeroporto de Heathrow, em Londres, após encontrarem um pacote suspeito. Horas depois, o terminal foi reaberto. Diante de uma crise de segurança apenas dias depois de tomar posse, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, disse ontem que o país - principal aliado ocidental dos EUA na guerra no Iraque - deve preparar-se para um período de ameaça terrorista ¿longo e sustentado¿.

Na sexta-feira, a polícia britânica descobriu dois Mercedes estacionados no centro de Londres - nos distritos de Picadilly Circus e West End - carregados com cilindros de gás propano, grande quantidade de gasolina e pregos. Os dois carros seriam detonados à distância, acionados por um celular, e, segundo especialistas, tinham capacidade para matar milhares de pessoas. O primeiro carro foi descoberto quando médicos de uma ambulância perceberam fumaça saindo do veículo e chamaram a polícia. O segundo foi descoberto horas mais tarde porque estava estacionado em local proibido. A polícia está revendo imagens de segurança dos locais para identificar suspeitos.

No sábado, dois homens com aparência asiática ocupavam um Jeep Cherokee que foi lançado, em chamas, contra o terminal de passageiros do aeroporto de Glasgow. O carro explodiu com o choque, mas, até ontem, a polícia não tinha confirmado se o veículo levava explosivos. Um dos ocupantes do carro, aparentemente o motorista, sofreu queimaduras graves e está internado em Paisley, perto de Glasgow. Segundo a polícia, o carro detonado na frente do hospital não continha explosivos, mas estava ligado ao caso.

Até ontem, além dos ocupantes do carro, três pessoas foram presas. Um homem de 26 anos foi preso em Liverpool, onde a polícia realizou buscas em outras duas casas. Na madrugada de ontem, um casal - um homem de 26 anos e uma mulher de 27 - foi preso numa das principais rodovias na região central da Inglaterra, na cidade de Cheshire. Policiais também vasculharam casas na cidade de Newscastle-Under-Lyme, perto do local onde o casal foi preso, e na área residencial da cidade de Houston. O governo britânico, que não liberou detalhes sobre a identidade de nenhum dos suspeitos, anunciou estar certo de que lida com uma ameaça terrorista de natureza grave, possivelmente ligada à Al-Qaeda. O chefe da unidade de combate ao terror da Scotland Yard, Peter Clarke, disse ontem que as ligações entre o ataque de Glasgow e o plano frustrado em Londres estão ¿cada vez mais claras¿ e a polícia ¿tem várias informações sobre os suspeitos¿.

No sábado, a Grã-Bretanha elevou o alerta de segurança no país para ¿crítico¿, o mais alto de sua escala, que indica ¿ataque terrorista iminente¿. Em Londres, a segurança foi reforçada principalmente em torno do complexo onde é realizado o torneio de tênis de Wimbledon, no Estádio de Wembley - onde foi realizado ontem o show em homenagem à princesa Diana, com a presença dos príncipes William e Harry - e no trajeto da parada gay, no centro de Londres. Aeroportos do país também reforçaram as medidas de cautela. No aeroporto de Glasgow, os vôos foram retomados ontem, mas a polícia restringiu a circulação de automóveis perto do terminal de passageiros.

Nos EUA, um alarme falso levou ao fechamento, por uma hora, de um terminal do aeroporto JFK em Nova York. O governo americano e o francês reforçaram a segurança em seus países no fim de semana. O presidente americano, George W. Bush, elogiou ontem ¿a reação firme¿ de Brown à ameaça terrorista.

A aparente ofensiva terrorista contra a Grã-Bretanha ocorrem quase dois anos depois de os atentados de 7 de julho de 2005 terem deixado 52 mortos em Londres. Brown, que é escocês, disse ontem numa entrevista à emissora britânica BBC que ¿não seremos intimidados e não permitiremos que ninguém prejudique o estilo de vida britânico. O terrorismo nunca será justificado como um ato de fé. Essa é uma ação diabólica em todas as circunstâncias¿, afirmou.