Título: Mulher tentará suceder a Kirchner
Autor: Palacios, Ariel
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/07/2007, Internacional, p. A11
Chefe de gabinete confirma Cristina como candidata
A primeira-dama e senadora argentina, Cristina Fernández de Kirchner, será a candidata do governo à presidência da república nas eleições de outubro. O lançamento da candidatura da senadora está marcado para o dia 19 de julho, num megacomício, conforme anunciou ontem o chefe do gabinete de ministros, Alberto Fernández.
Dessa forma, acaba o suspense iniciado havia um ano e meio pelo presidente Néstor Kirchner, quando começou a fazer mistério sobre sua sucessão. Kirchner chegou a indicar várias vezes que o próximo presidente seria 'um pingüim ou uma pingüim-fêmea', em alusão a seu apelido de 'Pingüim', referente a suas origens patagônicas, e à sua esposa.
Um dos fatores que colaboraram na escolha de Cristina foi a queda de popularidade que Kirchner sofreu nos últimos meses. Segundo a consultoria Poliarquia, o apoio ao presidente caiu de 57% para 52% no primeiro semestre deste ano. Para analistas, a imagem do presidente começou a ser afetada pela crise energética, os escândalos de corrupção, a inflação e conflitos sociais no interior do país. A saída para driblar esses crescentes percalços seria a de colocar sua própria mulher como candidata.
Os analistas, no entanto, ironizaram a escolha. 'É o mesmo produto com diferente embalagem', criticaram. Eles também observaram que o casal pretende permanecer um longo tempo no poder. Kirchner teria planos para apresentar-se à sucessão da esposa nas eleições de 2011. A escritora Olga Wornat, autora do livro Rainha Cristina, a biografia não-autorizada de Cristina Kirchner, afirmou que a primeira-dama e o presidente 'são um casal ambicioso, que deseja o poder'.
Uma pesquisa realizada pela consultoria Analogias indicou que, se as eleições fossem realizadas hoje, Cristina Kirchner seria a vencedora, com 46,2% dos votos. A candidata da oposição Elisa Carrió, da Coalizão Cívica, obteria 12%. O ex-ministro da Economia Roberto Lavagna conseguiria 11,1%.