Título: 'Precisamos de R$ 1 bi por ano'
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/07/2007, Economia, p. B5

Esse é o montante necessário por ano durante 5 anos para Marinha terminar projeto de planta nuclear

Entrevista com Júlio Soares de Moura Neto, Comandante da Marinha

A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de retomar a construção de Angra 3 animou o Comando da Marinha. O órgão desenvolve o programa que visa ao domínio do enriquecimento do urânio, praticamente concluído, e a construção de uma planta nuclear e de reator nuclear, com tecnologia totalmente brasileira.

O presidente, que no início de junho defendeu a importância do projeto da Marinha, anunciou que visitará no dia 10 as instalações do Centro de Aramar, em São Paulo, onde o projeto está sendo desenvolvido. ¿Com a visita, aumenta a nossa esperança de que o presidente apóie o término vitorioso do programa nuclear da Marinha¿, declarou o comandante da Força, almirante Júlio Soares de Moura Neto. A seguir, os principais pontos da entrevista:

Como está o programa hoje?

A Marinha iniciou o programa nuclear em 1979. Nós construímos com tecnologia brasileira as centrífugas, onde o urânio é enriquecido, e essas centrífugas estão sendo montadas pela Marinha para o enriquecimento do combustível, É um trabalho de longo prazo. A outra parte é a construção da planta nuclear, para produzirmos energia, para fazer andar o motor do submarino nuclear.Precisamos apenas fazer a montagem e fazê-los funcionar, para ter certeza que o nosso reator nuclear funciona. Se ele funcionar, como temos certeza que funcionará, estará disponível para outros usos.

O programa está avançando?

Hoje o projeto está em estado vegetativo. Precisamos da garantia de repasse contínuo de recursos para colocar a planta nuclear em funcionamento. Para terminar o projeto falta muito pouco: R$1 bilhão durante cinco ou seis anos. E este ano temos só R$ 60 milhões. A grande importância do programa nuclear da Marinha é a gente ter tecnologia absolutamente nacional do enriquecimento do urânio, que só é feito hoje por cinco países no mundo. Precisamos disso para chegarmos ao reator, e, se no futuro o governo assim decidir, teremos o nosso submarino de propulsão nuclear. Isso é uma decisão além do programa da Marinha. É o passo seguinte. É uma decisão política, de governo.