Título: Mais um recorde na venda de carros
Autor: Silva, Cleide
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/07/2007, Negócios, p. B10

O mês que terminou foi o melhor junho da história do setor; nos caminhões, fila de espera chega a seis meses

O mês que terminou foi o melhor junho em vendas da indústria automobilística. Até quinta-feira, os órgãos de trânsito contabilizavam 184,3 mil veículos licenciados. O melhor resultado anterior para um mês de junho foi há dez anos, com 179,3 mil unidades.

O resultado total do mês será inferior ao recorde de maio, com 221,1 mil veículos e dois dias úteis a mais, mas confirma o ritmo acelerado das vendas. No semestre, as vendas somam, até o dia 28, um total de 1,068 milhão de veículos, dos quais 95% são automóveis e comerciais leves e os demais, caminhões e ônibus. Na comparação com a primeira metade de 2006, são 206,6 mil unidades a mais, uma alta de cerca de 25%.

Pegando carona no melhor desempenho já atingido em meio século, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tem perdido uma festa do setor. Ele participa hoje, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, berço de sua carreira sindical e política, da festa do cinqüentenário da fabricante de caminhões e ônibus Scania Latin America. Foi lá que Lula comandou, em maio de 1978, a primeira greve dos metalúrgicos, dando arrancada para o movimento sindical brasileiro.

Desde sua posse para o primeiro mandato, Lula já visitou a Mercedes-Benz, Volkswagen, General Motors, Ford, Fiat, PSA Peugeot Citroën, Hyundai/Caoa, além de ir a eventos da Anfavea (a associação das montadoras), salão do automóvel e das autopeças.

Os negócios com automóveis, comerciais leves e caminhões vêm mantendo crescimento acima de 20%, na comparação com 2006. O mercado de caminhões chega a ter fila de espera de até seis meses para veículos de grande porte, usados principalmente no transporte de produtos agrícolas, de mineração e construção civil.

Na Scania, a entrega de veículos pesados, por exemplo, leva cerca de seis meses, quando o normal seria metade disso. De janeiro a maio, as vendas de caminhões pesados da marca cresceram 41,9%, ante um aumento de 28% no mercado total.

A Vocal, maior revenda Volvo, com seis lojas em São Paulo, só entregará pedidos feitos agora de veículos pesados em dezembro e janeiro. ¿Para garantir a encomenda, há clientes programando os pedidos de fevereiro¿, diz Cláudio Zattar, diretor-superintendente do grupo.

Zattar conta que muitas transportadoras, por precaução, estão deixando pedidos em duas ou três revendas de diferentes marcas. A Volvo ampliou a produção neste semestre, mas tem encontrado dificuldades em importar componentes por causa da demanda aquecida também na Europa.

A DaimlerChrysler, dona da marca Mercedes-Benz, anunciou em junho a contratação de 450 funcionários para a fábrica de São Bernardo, que passa a empregar 12 mil pessoas. A Volkswagen Caminhões e Ônibus abriu 200 vagas em Resende (RJ) - passará a ter 3,9 mil empregados. A produção será ampliada de 165 para 185 a 200 veículos ao dia.

CONFORTO

A demora para entrega de alguns modelos Volkswagen varia de 60 a 70 dias, quando o normal é 30 a 40 dias. O presidente da companhia, Roberto Cortes, acha que a ampliação da produção vai resolver o problema e garantir o fornecimento sem longas esperas. A Iveco também abriu segundo turno de trabalho em Sete Lagoas (MG) para dar conta das encomendas.

No segmento de automóveis e comerciais leves, que acumula vendas de 1.015,2 milhão de unidades até o dia 28, o aumento será superior a 24% na comparação com o primeiro semestre de 2006. A qualidade das compras também está melhor, analisa o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Sérgio Reze.

Segundo ele, há dez anos, 80% das vendas eram de carros de entrada, os mais baratos de cada marca, normalmente sem equipamentos. ¿Hoje, esses modelos respondem por 40% das vendas, o que significa que a capacidade de compra dos consumidores melhorou.¿