Título: Ministro avisa que PF dará ênfase a escutas
Autor: Mendes, Vannildo e Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/07/2007, Nacional, p. A7

O ministro da Justiça, Tarso Genro, informou ontem que a estrutura da Polícia Federal será reforçada para o combate à criminalidade e à corrupção, com a contratação de 5 mil policiais e ênfase nas interceptações telefônicas. No primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a PF teve seu efetivo elevado de 7 mil para quase 13 mil homens.

Segundo o ministro, as megaoperações contra o crime organizado vão prosseguir e serão aprofundadas, mas com reparos. ¿Vamos aproveitar toda a experiência até agora altamente positiva da PF e corrigir eventuais equívocos, o que é normal em qualquer instituição. A Polícia Federal não é imune a erros¿, enfatizou ele.

Em entrevista após presidir a solenidade de formatura da última turma de policiais aprovados em concurso, na Academia Nacional da PF, Tarso defendeu a instituição das acusações de exagerar no uso de grampos e de expor investigados com vazamentos ilegais de escutas. O ministro ressaltou que o grupo de trabalho encarregado de regulamentar o assunto não se destina a inibir as escutas, mas a aprofundá-las. ¿Não é um trabalho antigrampo, é inclusive para potencializar as escutas, de modo que elas não extrapolem a vida privada, incluindo pessoas que nada têm a ver com a investigação¿, explicou.

SEM VIOLÊNCIA

Tarso frisou que as escutas são instrumento fundamental de investigação, do qual o governo não vai abrir mão. Argumentou ainda que os grampos substituem meios de investigação rejeitados pelo Estado de Direito, como a pressão, a força e a violência para obter depoimentos. ¿Enganam-se os que pensam que esse grupo, que já teve uma segunda reunião e está em ritmo avançado, vai despotencializar a escuta.¿

Ele disse que a Polícia Federal hoje é um exemplo para o País e a América Latina. Destacou que a ¿conduta republicana¿ da instituição será disseminada nos Estados, a fim de estimular a adoção de um novo modelo de segurança no País. Entre as medidas previstas, destacou a criação da escola superior de polícia, cuja pedra fundamental foi lançada ontem, a abertura de concursos públicos para contratação de novos policiais nos próximos anos e um programa de compartilhamento do know-how da PF no combate ao crime.

Na sua avaliação, a Polícia Federal deu um salto de qualidade nos últimos quatro anos e está cumprindo uma função essencial para o País, que não será estancada. ¿Mas isso não significa que vamos dar mais poderes extraordinários para a PF. Vamos dar mais contingente para ela cumprir melhor as suas funções, dentro da lei e da Constituição.¿