Título: Para Tarso, não há indícios que incriminem Rondeau
Autor: Mendes, Vannildo e Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/07/2007, Nacional, p. A7

Lula repete que pode reconduzi-lo; ex-ministro diz que gostaria de voltar

Em reunião da coordenação política do governo ontem, o ministro da Justiça, Tarso Genro, disse ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que não há provas contra o ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau. Lula repetiu que avalia a possibilidade de reconduzi-lo ao cargo, como informou ontem o Estado, e disse que cogita fazê-lo na próxima semana. Rondeau foi afastado do governo em maio, acusado na Operação Navalha, da Polícia Federal, de ter recebido propina da Gautama, empreiteira pivô da máfia das obras.

¿Eu examinei as peças, depois que o processo se tornou público, e não vi até agora nenhum delito que pudesse ser imputado ou provado contra o ministro Rondeau¿, disse Tarso mais tarde, depois de presidir solenidade na PF. ¿Agora, eu não sou a autoridade adequada para fazer um juízo. Temos de aguardar o Ministério Público e o Judiciário se manifestarem.¿

A todos que o procuraram, Rondeau disse que, se Lula quiser, está pronto a voltar ao governo. ¿Se o presidente me convidar para ser office-boy, eu aceitaria, sou muito grato a ele e acredito em seu governo¿, contou a um interlocutor.

Amigos do ex-ministro contam que ele tem ocupado todo o tempo em sua defesa na Justiça e sua maior preocupação agora é ¿preservar sua biografia¿. Rondeau acredita que foi injustiçado, mas também tem negado que, caso se prove sua inocência, exigiria retratação da imprensa ou da PF. Seu padrinho político, o senador José Sarney (PMDB-AP), já falou em cobrar retratação da polícia.

Ontem, o PMDB já fazia o desagravo do ex-ministro. ¿Chamar Silas de volta seria um ato de coragem do presidente, que nós aplaudiríamos pela coerência e justiça¿, resumiu o líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).

A investigação da PF foi feita com base em escutas telefônicas e imagens do circuito interno de TV do próprio ministério. As imagens mostravam a diretora da Gautama Maria de Fátima Palmeira junto com um assessor de Rondeau, Ivo Almeida Costa. O assessor segurava um papel que, segundo a PF, seria um envelope com R$ 100 mil destinados ao então ministro.

Na semana passada, porém, laudo do perito da Unicamp Ricardo Molina concluiu que Costa segurava um envelope vazio ou um papel em branco. A Diretoria de Inteligência da PF sustenta que o dinheiro era mesmo para Rondeau.

FRASE Tarso Genro Ministro da Justiça

¿Eu examinei as peças, depois que o processo se tornou público, e eu não vi até agora nenhum delito que pudesse ser imputado ou provado contra o ministro Rondeau¿