Título: Mercados esperam menos conflito com mulher de Kirchner
Autor: Palacios, Ariel
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/07/2007, Internacional, p. A14

Para analistas, Cristina deve governar de modo mais moderado que o marido

A decisão do presidente argentino, Néstor Kirchner, de desistir da reeleição e lançar a candidatura da mulher, a senadora Cristina Fernández de Kirchner, provocou alívio no mercado financeiro portenho. A primeira-dama é vista pelos analistas como mais moderada que seu marido - que com freqüência bate de frente com instituições financeiras internacionais, empresas privatizadas e companhias que exploram gás e petróleo. A expectativa é que, caso vença as eleições de 28 de outubro, Cristina seja uma versão ¿bem-comportada¿ de Kirchner.

O presidente tem aplicado o que ficou conhecido como ¿estilo K¿ - um estilo duro e direto de governar. O próprio Kirchner já confessou que a idéia é ¿bater primeiro para depois negociar¿. Em confronto permanente com os mercados, ele tem ampliado o intervencionismo estatal para combater a crise energética e a inflação e costuma ser caracterizado pelos analistas como um homem de ¿centro-esquerda¿. Espera-se que Cristina mantenha as linhas básicas da política econômica (câmbio alto, juros baixos e equilíbrio fiscal), mas adote posições mais pró-mercado.

Segundo os analistas, ela provavelmente negociará o fim do congelamento das tarifas dos serviços privatizados, aplicará políticas menos intervencionistas de combate à inflação, ampliará o alinhamento com o Chile e o Brasil (afastando-se da Venezuela) e recomporá as hoje tensas relações com os EUA. O presidente Kirchner diz que, depois deixar o cargo, em dezembro, terá uma vida ¿de homem comum¿.