Título: A abertura do comércio externo
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/07/2007, Economia, p. B2

Diversos recordes foram quebrados pelo comércio exterior em junho. Levando em conta a média diária, as exportações atingiram o recorde histórico de US$ 656 milhões e as importações, de US$ 465 milhões. O crescimento maior das importações reduziu para US$ 191 milhões (média diária) o saldo da balança comercial do mês.

O resultado de um mês não dá uma idéia completa da evolução da balança comercial, por isso é mais útil proceder a uma análise dos dados do semestre, em comparação com o mesmo período do ano passado, eliminando, assim, fatores sazonais. As exportações, num total de US$ 73,2 bilhões, acusam aumento pela quinta vez consecutiva - neste ano, de 20%. As exportações de produtos básicos, que somaram US$ 22,3 bilhões no semestre, tiveram uma elevação de 31,3% e as de produtos industrializados atingiram US$ 49,3 bilhões, com aumento de 16% - crescimento de 22% dos semimanufaturados e de 14% dos manufaturados. A alta dos preços internacionais das commodities teve um papel importante no resultado geral das exportações, mas não se pode menosprezar o papel das exportações de manufaturados, com maior valor adicionado: os dados disponíveis até maio indicam uma elevação de 10,4% do quantum e de 9,4% dos preços.

As importações apresentaram aumento no semestre pela quarta vez consecutiva: 25,1%, em 2004; 20,3%, em 2005; 22,3%, em 2006; e o recorde de 26,6% a mais em 2007.

Essa evolução das importações mostra que o Brasil não é um mercado fechado, mas é mais interessante examinar como esses aumentos se distribuíram no primeiro semestre em comparação ao mesmo período do ano anterior. O maior aumento foi o de bens de consumo: 34,3% (sendo 53,7% de automóveis). Porém, em valor absoluto, essas importações de bens de consumo não ultrapassam US$ 7 bilhões e não permitem falar numa desastrosa desindustrialização generalizada.

Mais significativo é o aumento das importações de bens de capital, de 24,3% e de US$ 11,07 bilhões em valor absoluto, que está contribuindo para a modernização da indústria. As importações de matérias-primas e de bens intermediários aumentaram 29,4% e somaram US$ 26,4 bilhões, o que certamente explica por que, apesar da taxa cambial desfavorável, o País conseguiu aumentar suas exportações utilizando insumos a preço menor, uma das vantagens da maior abertura para o comércio externo.