Título: Venda de energia à Argentina depende de avaliação
Autor: Goy, Leonardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/07/2007, Economia, p. B4
Ministério confirma plano de elevar exportação, mas o sistema argentino pode não suportar
O ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner, admitiu ontem que o Brasil poderá aumentar o fornecimento de eletricidade para a Argentina, como antecipou o Estado na segunda-feira. Mas observou que, por enquanto, ainda não houve aumento, o que vai depender, também , da existência de disponibilidade de energia.
'Por enquanto, não subiu nada. Estamos exportando 700 megawatts (MW) médios e, se houver disponibilidade de mais geração termelétrica, poderemos mandar mais', disse o ministro, após participar da solenidade de assinatura dos contratos de concessão das Hidrelétricas de Mauá (PR) e Dardanelos (MT).
Hubner explicou que o limite para o aumento da exportação de eletricidade para a Argentina está condicionado ao próprio sistema de transmissão da Argentina. 'Daqui para lá, há uma limitação técnica. Dificilmente (o envio de energia) passará de 1 mil MW médios', explicou Hubner.
Técnicos do Ministério de Minas e Energia disseram que estão sendo feitas análises técnicas para saber qual é a real capacidade de carga da linha de transmissão usadas para levar energia do Brasil à Argentina.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) deve se reunir hoje com técnicos e também representantes da Petrobrás para discutir como poderia ser feito o aumento da exportação para a Argentina.
Pelas informações que circulavam ontem no setor, a eletricidade a ser transferida para o país vizinho será produzida por usinas termoelétricas movidas a óleo diesel e óleo combustível localizadas na Região Sudeste. Isso porque as térmicas da Região Sul, que hoje exportam boa parte da produção para a Argentina, já estão com a capacidade tomada.
A Argentina deverá pagar pela produção das térmicas e pela transmissão de energia. Segundo técnicos, o acordo que previa que a exportação de energia brasileira seria compensada com fornecimento de igual quantia por parte dos argentinos não vale mais, já que a situação não tem mais caráter de urgência. Se transformou numa operação comercial, disse uma fonte.
Cada MWh de energia gerada por térmicas a carvão tem variado em torno de R$ 200. Já a geração de uma usina movida a óleo diesel e óleo combustível pode chegar a R$ 400 o MWh. Esse custo terá de ser arcado pelos argentinos.
O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, disse que a crise energética na Argentina poderá criar condições para que o Brasil e o país vizinho estabeleçam regras de intercâmbio 'mais duradouras' nessa área.