Título: Para CNI, expansão do setor poderia ser maior
Autor: Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/07/2007, Economia, p. B9
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) espera que a indústria de transformação repita no segundo semestre o mesmo comportamento registrado no primeiro: crescimento da produção, mas de maneira concentrada, e faturamento com expansão abaixo dos indicadores de produção e emprego.
'A produção deve ser estimulada com o crescimento da demanda interna e externa', afirma o economista Paulo Mol, da CNI. No entanto, a valorização do real deve continuar prejudicando o faturamento das empresas exportadoras e comprimindo a margem de lucro das mais voltadas para o mercado interno, que têm que concorrer com importados. Como não há expectativa de que a valorização do real se reverta, a perspectiva é que o faturamento das empresas, medido pelas vendas reais, não acompanhe o ritmo das outras variáveis, disse Mol.
Ele avalia, no entanto, que o crescimento da indústria poderia ser maior. 'A expansão da demanda tem sido muito intensa, quase 6% ao ano, ritmo pouco visto na história, mas a indústria de transformação tem aproveitado muito pouco esse crescimento. A maior parte do aumento da demanda tem sido atendida por importações e não pela indústria nacional.'
DESONERAÇÃO
Mol argumentou que a indústria precisa de 'um ambiente mais propício' para aproveitar a expansão da demanda. A CNI defende novas desonerações tributárias para o setor produtivo como um todo. A entidade avalia como positivas as medidas do governo de socorro a setores afetados pelo câmbio, mas considera que elas devem ter pouco impacto. 'São medidas de estímulo ao investimento. Não se imagina que um setor que não está vendendo vá fazer novos investimentos', ponderou o economista chefe da CNI, Flavio Castelo Branco. Ele defendeu a desoneração da folha de pagamento das empresas, medida que está emperrada dentro do governo.
'Se não se mexe diretamente no preço dos produtos importados que entram no País e no componente do custo doméstico, como melhorar a competitividade das empresas?', questionou Castelo Branco. Para a CNI, a desoneração tributária para todos os setores é o caminho mais eficiente para que as empresas consigam competir nesse cenário de real valorizado. 'Não dá para ficar batendo na tecla do câmbio como se fosse a única variável. Existem outras', disse ele. Além da redução da carga tributária, a CNI pede medidas de desburocratização.