Título: Amigos dizem que até a mãe de suspeito o temia
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Fonte: O Estado de São Paulo, 05/07/2007, Internacional, p. A16

Na faculdade de Bagdá onde estudou, o médico Bilal Abdulla, de 27 anos, era conhecido por ser um estudante aplicado, cuja fé islâmica muitas vezes ultrapassava os limites - tanto que diziam que sua mãe tinha medo de tirar o véu quando ele estava presente. Abdulla foi criado na capital iraquiana, mas nasceu em Aylesbury, sudeste da Grã-Bretanha, onde seu pai trabalhava como médico.

Abdulla trabalhava no hospital Royal Alexandra em Paisley, a poucos quilômetros de Glasgow, e foi preso no sábado depois que o Jeep Cherokee onde estava como passageiro foi lançado, em chamas, contra um terminal do Aeroporto Internacional de Glasgow. O motorista do veículo, Kalid Ahmed, foi internado no hospital onde Abdulla trabalhava. Segundo relatórios do hospital, o médico foi repreendido por visitar sites em árabe na internet durante o trabalho.

Os colegas de faculdade de Abdulla o classificavam como um extremista islâmico. Um colega disse que uma vez Abdulla tentou destruir um crucifixo de um aluno cristão na sala de aula. ¿Ele era um radical sunita¿, afirmou. Um outro amigo de Abdulla, Shiraz Maher, disse que a destruição do Iraque foi a grande responsável pela radicalização de seu amigo. ¿Ele tinha muita raiva do que acontecia no Iraque. Ele apoiava a insurgência no país e comemorava a mortes dos soldados americanos e britânicos¿, afirmou.

Segundo Maher, Abdulla tinha vários vídeos do chefe da Al-Qaeda no Iraque, Abu Musab al-Zarqawi, morto em junho do ano passado. Essa revelação levantou a possibilidade de que a Al-Qaeda poderia estar por trás dos recentes ataques na Grã-Bretanha.