Título: Petrobrás rejeita acordo de corte de CO2
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/07/2007, Vida&, p. A20

Empresa diz que investimento em etanol basta como solução ambiental

A Petrobrás não vai aderir a um compromisso firmado entre 150 multinacionais para reduzir as emissões de CO2, um dos principais responsáveis pelo aquecimento global. A partir de hoje, as maiores companhias do mundo se reúnem na sede da ONU para discutir sobre como o setor privado pode contribuir para a redução dos níveis de pobreza, o respeito aos direitos humanos e a proteção ambiental.

A ONU confirmou ao Estado que a Petrobrás foi procurada para que fizesse parte da iniciativa ambiental. Mas, com planos de dobrar sua produção de petróleo em dez anos, a companhia optou por não aderir ao compromisso. Na conferência, a empresa deve insistir que seus investimentos em etanol são parte da solução ambiental.

O compromisso que será assinado em Genebra incluirá empresas como Repsol, a mineradora Rio Tinto, Unilever, ABB, Airbus, Alcan, Bayer, Dupont e Coca-Cola. A Brasil Telecom é uma das companhias nacionais que vão aderir à iniciativa. O acordo não fala em metas de redução de emissões e apenas cita o compromisso do setor privado em ¿diminuir¿ o volume de CO2 emitido nos próximos anos. Nem assim a Petrobrás aceitou faz parte do acordo.

A Petrobrás, que será representada por seu presidente, José Sérgio Gabrielli de Azevedo, promete apresentar o etanol como uma ¿evolução para uma matriz energética mais limpa, com benefícios ambientais e avanços sociais¿.

O encontro entre Genebra será o maior evento entre lideranças empresariais já promovido pela ONU e cerca de 3,8 mil executivos farão parte dos debates. Mas organizações não-governamentais (ONGs) como Greenpeace e Anistia Internacional, acusam o encontro de ser uma plataforma de marketing para as empresas e que, na realidade, poucas estão tomando algum tipo de providência para contribuir para o meio ambiente ou redução de pobreza.

GLOBAL COMPACT

A iniciativa reunindo o setor privado mundial para lidar com questões sociais, conhecida como Global Compact, foi lançada em 2000 e estipulou dez princípios éticos que deveriam nortear todas as atividades das empresas envolvidas. Em 2006, a Petrobrás foi convidada a fazer parte do conselho do Global Compact, ao lado da Tata Steel, Goldman Sachs, entre outras.

Segundo um comunicado da empresa brasileira, os princípios do Global Compact são adotados por ela desde 2003. A empresa ainda garante que, somente em 2006, investiu mais de R$ 176 milhões em projetos de educação, qualificação, direitos da criança e geração de renda.