Título: Produção de bens de capital já subiu 16%
Autor: Farid, Jacqueline
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/07/2007, Economia, p. B4
Em maio, alta foi de 5,1% ante abril e de 19,4% ante maio de 2006
A produção de bens de capital prosseguiu em acelerada curva de crescimento em maio, com resultados bem acima dos apurados na média da indústria. Houve expansão de 5,1% ante abril e de 19,4% na comparação com maio de 2006 - a maior desde agosto de 2004 -, acumulando alta de 16,3% em 2007.
Para o coordenador de indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Silvio Sales, os dados mostram que 'há uma contínua ampliação da capacidade produtiva do País, o que abre espaço para atender ao eventual aumento da demanda'. O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) também destacou em relatório que os resultados mostram que a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) não trará perigo à inflação.
'Essa destacada dianteira da produção de bens de capital no plano doméstico, aliada a uma escalada ainda mais significativa das importações desses bens, afiança que o maior crescimento do PIB nesse e no próximo ano não irá suscitar pressões inflacionárias', afirma o documento do Iedi.
O índice de difusão de bens de capital mostra que, em maio, 64,9% dos segmentos vinculados a essa categoria elevaram a produção, ante 58,9% na média da indústria. Em relação a maio de 2006, houve aumentos em bens de capital para indústria (22,2%), agricultura (42,8%), transporte (13,5%), energia (24%) e construção (16,4%), entre outros.
'Há uma sustentação de taxas de dois dígitos generalizadas (em bens de capital), inclusive no investimento da própria indústria. Isso indica que a taxa de investimento deve continuar crescente, já que há evidências também de que a construção apresenta bom desempenho, ainda que em menor magnitude que máquinas e equipamentos', disse Sales. A taxa de investimento é calculada pela relação da Formação Bruta de Capital Fixo (FBFC) sobre o PIB. A FBFC é formada por máquinas e equipamentos e pela construção civil. No ano passado, a taxa foi de 16,8% e, no primeiro trimestre de 2007, ficou em 17,2%.
A produção de bens de capital tem crescido, simultaneamente, com fortes aumentos também nos volumes importados e exportados. Segundo dados da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex) apresentados por Sales, as exportações de bens de capital cresceram, em volume, 14,1% em maio de 2007 ante igual mês do ano passado. No mesmo período, as importações aumentaram 37,5%.
Além dos bens de capital, outro destaque na produção em maio foi o de bens de consumo duráveis (móveis e eletrodomésticos), com alta de1,5% ante abril e 6% ante maio de 2006. A elevação ocorreu apesar da queda ante maio de 2006 de 19,7% na produção de eletrodomésticos da linha marrom (TVs e equipamentos de áudio e vídeo), prejudicados pelos importados, e do recuo de 3% nos celulares, devido à perda de dinamismo das exportações. O fraco desempenho foi compensado pelo aumento da linha branca (fogão, geladeiras, etc.), que sofre concorrência menor dos automóveis, e pela expressiva alta na produção de veículos.