Título: UE dá sinais de restrições ao etanol brasileiro
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/07/2007, Nacional, p. B7

Enquanto europeus e brasileiros falam em reduzir a proteção comercial em prol de um acordo econômico amplo como a Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), no mundo empresarial a conversa se dá em outro tom. Durante a cúpula empresarial Brasil-União Européia, os europeus indicaram que estão dispostos a impor barreiras não-tarifárias ao etanol brasileiro. Eles levantaram a necessidade de haver um processo de certificação das empresas produtoras de álcool.

Também se falou sobre o risco de o cultivo de cana-de-açúcar para produzir etanol ocupar a Amazônia ou reduzir a área para a produção de alimentos. Representantes do setor sucroalcooleiro reagiram à pressão européia, argumentando que os países desenvolvidos não questionam as condições sociais ou ambientais da produção do petróleo em países como Nigéria ou Iraque.

Os usineiros querem a todo custo evitar que o etanol seja tratado pelos europeus como commodity agrícola, pois nesse caso há uma variedade de barreiras não-tarifárias que podem ser impostas. Hoje, o álcool já sofre uma sobretaxa de 102 por tonelada, para ingressar no mercado europeu, o que significa uma alta de aproximadamente 40% no preço. Para os empresários do setor, o etanol deve ter o mesmo tratamento comercial dos combustíveis fósseis, que não pagam taxas adicionais.

O discurso dos países desenvolvidos de que o cultivo da cana-de-açúcar vai provocar desmatamento na Amazônia também foi rebatido. Segundo os usineiros, o risco de os canaviais invadirem a Amazônia é quase o mesmo de os produtores de vinho da região francesa da Borgonha expandirem suas plantações de uva até a Sibéria. É, mais ou menos, a mesma distância.

Enquanto a produção maciça de etanol ameaça a produção de alimentos nos EUA e na Europa, no Brasil ainda há muito espaço. Os canaviais ocupam hoje área inferior a 1% do território nacional. As projeções de aumento da área plantada até 2010, mesmo com a expansão da demanda projetada, ficam abaixo de 1% do território.

ACORDO

A Petrobrás e a empresa portuguesa Galp Energia assinaram um acordo para a produção e comercialização de 600 mil toneladas anuais de biodiesel, conforme antecipou o Estado na edição de ontem. As duas empresas formarão uma terceira companhia, com 50% de capital de cada uma.