Título: Para empresas, corte de vôos aumentaria tarifas
Autor: Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/07/2007, Metrópole, p. C1

Diante da pressão pela redistribuição de vôos nos horários de pico, as companhias aéreas cobraram do governo um prazo para que a infra-estrutura aeroportuária se adapte à demanda do setor. 'O que as autoridades esperam? Que as empresas sejam incompetentes como elas?', questionou um alto executivo de uma companhia, que falou ao Estado sob a condição de anonimato. 'Não vamos reduzir vôos. Se isso nos for imposto, teremos de quadruplicar o valor das tarifas para conseguirmos fechar a conta.'

Para defender sua posição, as empresas se apóiam nos bons resultados obtidos nos últimos seis anos. Lembram que, desde 2001, o crescimento do setor tem variado de 12% a 19%.

As companhias também rebateram as críticas feitas por militares ligados ao sistema de controle de vôo e pela Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) de que operam com a malha apertada. Segundo representantes das empresas, as escalas de vôos são feitas eletronicamente, pelo mesmo software usado por companhias internacionais. 'Nossos aviões voam, em média, 13 horas por dia. É uma carga bem razoável', afirmou o executivo ouvido pelo Estado.

Militares, por sua vez, alegam que as empresas dificilmente levam em conta eventuais panes nas aeronaves e problemas meteorológicos. 'O mesmo avião que parte de Porto Alegre tem de chegar a Rio Branco, no Acre,horas depois. Mas, se Cumbica fecha por nevoeiro, a aeronave não vai conseguir cumprir a jornada no tempo previsto', explicou um oficial da Aeronáutica.

As companhias dizem que, antes de vender as passagens, receberam autorização dos órgãos de aviação do governo. 'Se operar dessa forma é inviável, por que tivemos esse aval?', indagou o executivo. 'Não fomos nós que criamos os horários de pico. Os passageiros é que preferem voar nesses períodos.'