Título: 'Exportar a crise para a Justiça não é solução'
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/07/2007, Nacional, p. A6

Segundo senador, PSDB não abre mão de que Conselho de Ética investigue e dê um desfecho para caso Renan

A interferência do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na escolha de relatores do processo a que responde no Conselho de Ética do Senado pode gerar baixas que inviabilizarão, de vez, o funcionamento do colegiado. Irritado com o comportamento do recém-eleito presidente do colegiado, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), que participa do conselho e é cotado para suceder o colega Tasso Jereissati (CE) na presidência do PSDB, disse ao Estado que o líder tucano no Senado, Arthur Virgílio (AM), vai reunir a bancada na terça-feira para discutir o que fazer. ¿Se a decisão majoritária for a de não apurar as denúncias do caso Renan, o PSDB pode se retirar do conselho¿, afirma Guerra.

Como o PSDB vê a nova crise por que passa o Conselho de Ética do Senado, depois do ¿desconvite¿ ao terceiro relator, o senador Renato Casagrande (PSB-ES)?

Nós do PSDB não fizemos prejulgamento nem pedimos a cabeça de ninguém. Mas golpe a gente não aceita. Desse jeito o partido pode evoluir e passar a defender que o presidente do Senado se afaste do cargo. Exportar essa crise para a Justiça, sem que o conselho se manifeste, não é solução.

Quem foi que deu um golpe no conselho? O novo presidente?

O episódio do senador Quintanilha, com o desconvite a Casagrande, é inaceitável. Esse recuo é o caminho para o caos.

E quem vai pagar a conta dessa operação política desastrada?

Quem paga a conta é o presidente Renan e o Senado.

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) diz que é Renan quem preside o Conselho de Ética hoje e que falta um presidente do Senado que administre a crise.

O Cristovam tem razão.

Quintanilha tem condições de continuar presidindo o conselho?

E o PSDB vai aceitar isso? Essa é minha opinião pessoal, e só haverá razão para alterá-la se o presidente tomar outro rumo: o rumo da investigação decente. O PSDB, seguramente, não acatará nem vai conviver com esses procedimentos que estão sendo tomados.

O que o PSDB pode fazer para reagir às manobras no conselho?

Nós vamos nos reunir na terça-feira bem cedo e a bancada pode até decidir sair do conselho, para deixar claro que a gente não participa desse jogo.

O que está em jogo no conselho é uma briga entre governistas do grupo de Renan ou uma guerra entre governo e oposição?

O Conselho de Ética não está dividido em partidos nem entre quem é contra ou a favor do governo. A divisão hoje se dá em torno dos que querem e dos que não querem investigar o caso Renan.