Título: 'Iraque já pode controlar segurança'
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Fonte: O Estado de São Paulo, 16/07/2007, Internacional, p. A9

Premiê Nuri al-Maliki diz que tropas iraquianas estão prontas para assumir e que EUA podem sair quando quiser

O primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, disse que seu país está pronto para substituir os EUA no controle da segurança do Iraque e que as tropas americanas podem se retirar quando quiserem. No entanto, ele reconheceu que a polícia e o Exército ainda precisam de mais treinamento.

¿Podemos afirmar, com toda a certeza, que estamos prontos para assumir a responsabilidade total da segurança se as forças internacionais se retirarem, o que pode acontecer no momento em que elas quiserem¿, disse Maliki no sábado.

Diante da repercussão da declaração, um assessor da presidência se apressou em dizer ontem que Maliki foi mal interpretado. ¿O premiê quis dizer apenas que deixar as tropas iraquianas prontas para agir é algo que poderia ocorrer junto com a retirada dos EUA¿, afirmou o assessor Yassin Majid.

Embora haja cerca de 350 mil policiais e soldados iraquianos, os comandantes americanos dizem que ainda demorará meses para que eles estejam prontos para liderar ataques contra insurgentes.

Na sexta-feira, o chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA, Peter Pace, informou que o número de batalhões iraquianos treinados para lutar por conta própria caiu de dez para seis, em função de baixas e perda de veículos e equipamentos.

PRESSÃO INTERNA

Tanto a opinião pública quanto a oposição nos EUA pressionam o governo para retirar os cerca de 150 mil soldados americanos do Iraque. Mais de 3.500 já morreram desde o início da guerra, em março de 2003.

Na semana passada, a Câmara dos Representantes aprovou um projeto para trazer as tropas de volta até abril do ano que vem. A medida, no entanto, tem poucas chances de sucesso, já que o presidente George W. Bush vetou uma lei semelhante há dois meses.

A Casa Branca rejeitou ontem uma proposta de dois senadores republicanos para obrigar Bush a começar a retirada no fim do ano. Apresentado na sexta-feira por John Warner e Richard Lugar, o projeto foi considerado a maior pressão sofrida até agora por Bush dentro de seu próprio partido.

O assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Stephen Hadley, disse que era muito cedo para mudar a estratégia no Iraque. ¿Antes disso, é preciso ouvir o que nossos comandantes no Iraque têm a dizer¿, disse Hadley, em referência ao relatório que os generais entregarão a Bush em setembro.

IMPASSE

Em Bagdá, os políticos iraquianos não conseguiram acabar com o boicote implementado por diversos partidos, que já dura mais de três semanas. O bloqueio está atrasando a aprovação de metas impostas por Washington ao governo iraquiano, como a aprovação de uma lei para dividir o lucro do petróleo entre as regiões do país.

O maior bloco dos sunitas no Senado e os parlamentares xiitas ligados ao clérigo radical Muqtada al-Sadr suspenderam sua participação no governo. Adnan al-Dulaimi, líder dos sunitas, reuniu-se com Maliki ontem para tentar resolver o impasse.

Após o encontro, Dulaimi disse que eles não haviam chegado a um consenso e que seu partido só voltaria se Mahmoud al-Mashadani, sunita que era porta-voz do Parlamento, fosse readmitido em seu cargo. Ele foi suspenso em junho após acusações de corrupção.

Já os xiitas ligados a Sadr informaram que se reunirão hoje com o governo para discutir o boicote. Eles exigem que a Mesquita Sagrada de Samara comece a ser reconstruída e que seja criada uma estrada segura entre Bagdá e Samara.