Título: Montadoras refazem previsões e já contam com alta de 22% nas vendas
Autor: Warth, Anne e Silva, Cleide
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/07/2007, Economia, p. B1

Mercado interno deve absorver 2,35 milhões de carros, batendo o recorde de 1997; produção deve crescer 10%

Com os resultados recordes do primeiro semestre, a indústria automobilística brasileira refez as contas e vai produzir e vender mais carros do que imaginava. Pelas novas projeções, o mercado interno deve adquirir este ano o recorde de 2,35 milhões de veículos, 22% mais que em 2006. A produção deve crescer 10% e chegar a 2,87 milhões de unidades, mais que o dobro da alta esperada para o Produto Interno Bruto (PIB).

Essa é a terceira projeção que a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) faz para o mercado interno. Em janeiro, as montadoras projetavam crescimento de 7,7% nas vendas, porcentual que passou para 14,5% em abril e, agora, na metade do ano, para 22%.

Diante de um mercado aquecido, várias montadoras projetam novos investimentos em produtos e ampliação de capacidade. Em duas semanas, o presidente mundial da General Motors, Rick Wagoner, estará no Brasil para anunciar investimento extra de cerca de R$ 1 bilhão nas filiais brasileira e argentina. Anualmente, o grupo investe R$ 500 milhões no País, mas o aporte extra vem sendo requisitado desde o ano passado pelo presidente da GM Mercosul, Ray Young. A Fiat também estuda para o futuro uma nova fábrica, segundo fontes do mercado.

O motor principal do mercado interno, segundo o presidente da Anfavea, Jackson Schneider, é o crédito, que ele vê como consistente para os próximos meses. ¿Não parece ser uma bolha de crescimento amparada no crédito. Temos um crescimento estruturado e uma economia previsível, que possibilitam a continuidade da tomada de crédito. É o momento de projetar o futuro.¿

Até maio deste ano, o total de crédito destinado ao financiamento de veículos é de R$ 69,9 bilhões. Em igual período de 2006, o montante era de R$ 56,4 bilhões. Os juros nessas operações caíram de 24,9% para 19,4% em maio de 2007 ante maio de 2006. A inadimplência também está controlada, informa a Anfavea. O índice médio de atrasos nos contratos teve pequena baixa, de 3,1% em maio para 2,9% em junho. Nos demais setores, a média é de 7,1%.

A expectativa anterior da Anfavea era de vender 2,21 milhões de veículos, incluindo caminhões e ônibus, já um número recorde, que supera o de 1997, quando foram vendidos 2,094 milhão de veículos. No ano passado foram comercializados 1,928 milhão de unidades. A produção foi revisada para um crescimento de 10%, ante estimativa anterior de 6,5%. As montadoras esperam produzir 2,87 milhões de veículos, ante previsão anterior de 2,78 milhões. Em 2006, foram produzidos 2,611 milhões de veículos.

SEMESTRE

Apesar da queda das vendas e da produção em junho, em relação a maio, por causa do menor número dias úteis, segundo a Anfavea, o semestre foi recorde para o setor. Foram produzidos 1,38 milhão de veículos. No mercado interno, foram comercializadas 1,08 milhão de unidades.

De acordo com o presidente da Anfavea, as razões para o sucesso da indústria automobilística estão na estabilidade e na previsibilidade da economia, que incentivam o consumo. De janeiro a junho, foram produzidos 1,38 milhão de veículos, 6,3% mais que em igual período de 2006. As vendas internas somaram 1,08 milhão de unidades, 25,7% mais que as 861.225 do ano passado. Desse total, 1,3 milhão são automóveis e comerciais leves.

Em junho, as montadoras contrataram 2,3 mil funcionários, ampliando o quadro total para 112,9 mil trabalhadores. No ano, até agora, foram abertas 6,2 mil vagas.