Título: Governo amplia uso do FGTS para compra de casa própria
Autor: Sobral, Isabel
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/07/2007, Economia, p. B8

Mutuários com renda até 6 mínimos podem abater até 80% da prestação

O Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) decidiu ontem ampliar o número de trabalhadores que podem abater até 80% do valor das prestações de financiamentos da casa própria com o saldo dos depósitos do seu FGTS. Subiu para até seis salários mínimos (R$ 2.280) mensais a faixa de renda dos mutuários que podem usufruir do benefício.

Até agora, o benefício só existia para os mutuários que ganham até quatro mínimos (R$ 1.500) por mês. O conselho é formado por representantes do governo, trabalhadores e empresários e é o responsável pela fixação de regras para utilização do FGTS.

Com a mudança, a segunda faixa de renda - cujos trabalhadores podem usar o FGTS para abater até 60% da prestação - passa a ser de 6 a 12 salários mínimos. O último grupo, com salários acima de 12 mínimos, pode abater até 40% da mensalidade.

Esse tipo de benefício só é acessível para quem tiver financiamento imobiliário pelas regras do Sistema Financeiro de Habitação (SFH). A decisão valerá após a publicação da resolução no Diário Oficial, o que deverá ocorrer em alguns dias.

O conselho decidiu ainda que os participantes do Programa de Arrendamento Residencial (PAR) poderão usar o FGTS para pagamento da prestação, amortização do saldo devedor ou pagamento à vista do preço do imóvel.

O PAR é um programa para famílias com renda de até seis salários mínimos no qual, após o arrendamento do imóvel por cinco anos, o morador pode adquirir a casa própria. Antes, não era permitida a utilização do FGTS nessa compra. O governo estima que pelo menos 36 mil famílias poderão ser beneficiadas de imediato por já terem tempo suficiente no programa.

SEM ACORDO

O leque de ¿bondades¿ do conselho curador só não foi maior porque não houve entendimento entre os conselheiros sobre a destinação de mais recursos do FGTS para subsidiar famílias de baixíssima renda (menos que três salários mínimos) em programas sociais.

O governo defendeu a colocação de mais R$ 600 milhões do fundo ainda este ano com esse objetivo, elevando para R$ 1,8 bilhão a dotação de 2007. Os representantes das centrais sindicais e das empresas, no entanto, foram contra.

Os sindicalistas alegaram que o FGTS ¿está fazendo sozinho o trabalho¿ de financiar moradias populares, enquanto os recursos orçamentários destinados pelo governo estão ¿encalhados¿ na burocracia.

¿Não é que sejamos apenas contra ampliar os recursos do FGTS , mas queremos a contrapartida do dinheiro dos impostos destinados para isso no orçamento da União¿, comentou um membro do conselho curador. O conselho deve voltar a se reunir extraordinariamente na quarta-feira da semana que vem para tentar fechar um acordo.