Título: Governo pressiona Anac e empresas
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Fonte: O Estado de São Paulo, 06/07/2007, Metrópole, p. C6

Palácio do Planalto quer que agência seja incisiva e cobre mudanças de rotas para acabar com caos nos aeroportos

O Palácio do Planalto acha que o governo, e particularmente a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), precisa ser mais direto e incisivo com as empresas aéreas para ajustar as disponibilidades físicas nos aeroportos e a capacidade de atendimento de tráfego aéreo com os vôos. Chegou-se a um consenso de que não adianta haver concentração de viagens em determinados horários, se o passageiro não conseguirá ser atendido, por falta de infra-estrutura.

Da mesma forma, entende-se que não adianta um avião ser superaproveitado, voando dezenas de horas, se não consegue cumprir os horários. Isso porque qualquer atraso, em um determinado trecho, implicará desconforto para os passageiros nos demais. Em reuniões anteriores, as empresas aéreas rejeitaram a idéia de redistribuir horários. A principal defensora de mudanças na malha aérea é a Aeronáutica e o assunto esteve em pauta na reunião convocada ontem pelo ministro da Defesa, Waldir Pires, que contou ainda com representantes da Anac e da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero).

Ao final do encontro, distribuiu-se uma nota oficial, com quatro propostas imediatas para diminuir os contratempos nos principais aeroportos do País. O primeiro item do texto é justamente o aumento no efetivo do Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea, que funciona no Rio - com Anac, Infraero e empresas - e tem por objetivo discutir e tentar solucionar problemas de rotas no País. Há 30 dias, a Anac faz estudos de revisão da capacidade aeroportuária. Todas as quintas-feiras, os dois lados têm sentado para ajustar as malhas, dentro do que o governo tem chamado de ¿decisão colaborativa¿ (item 4 da reunião de ontem), só que estas reuniões não têm apresentado resultados práticos.

Ainda não há uma data determinada para que se chegue a uma decisão final sobre a redefinição da malha, ampliando os horários de pico. Mas o governo insistirá em reuniões para discutir justamente esse tema.

ESPAÇOS OCIOSOS

Também ficou definido ontem o aproveitamento das ¿áreas em desuso operacional nos aeroportos, ocupadas atualmente como depósitos, para colocá-los a serviço do transporte aéreo, mediante esforços processuais junto ao Poder Judiciário, quando necessário¿. A nota não cita, mas se refere aos espaços ainda ocupados pela Varig, por exemplo, no Aeroporto de Guarulhos, onde tem uma ala de um terminal inteiro. A Infraero quer redistribuir esses espaços entre as demais companhias aéreas, principalmente a TAM e Gol, que estão apertadas e funcionando lado a lado. Há ainda espaços que precisam de decisões judiciais para serem usados, como os pertencentes à Transbrasil.

Essa medida atende a uma antiga reivindicação das grandes companhias. Da mesma forma, ficou acertado que a Infraero e as empresas usarão todos os meios de comunicação disponíveis para informar os passageiros dos problemas. Parte das empresas reclamava da centralização de dados da estatal.TÂNIA MONTEIRO