Título: Índia quer negociar acordo fora da OMC
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Fonte: O Estado de São Paulo, 13/07/2007, Economia, p. B7

Comércio com o Brasil pode passar de US$ 2,5 bi para US$ 10 bi

A Índia não quer esperar um acordo na Organização Mundial do Comércio (OMC) para reduzir as barreiras comerciais com Brasil e África do Sul. Em declarações ao Estado, o ministro do Comércio da Índia, Kamal Nath, defendeu a ampliação dos acordos entre os três países e mesmo com outros países emergentes. ¿Se os países ricos não nos deixam avançar na OMC rumo a um acordo, não vamos esperar nem perder tempo. Avançaremos nos esforços de integração entre nós mesmos¿, afirmou Nath.

No próximo domingo, o chanceler Celso Amorim irá a Nova Déli para a reunião com os indianos e com a África do Sul. A reunião, ainda que tenha principalmente um caráter politico, será também usada para debater como conseguir uma maior integração entre os países que formam o grupo chamado ¿Ibas¿ (Índia - Brasil - África do Sul).

A OMC não consegue avançar nas negociações de um acordo comercial. Para diplomatas em Genebra, um obstáculo fundamental é a recusa dos Estados Unidos em reduzir seus subsídios. Já os americanos alegam que o problema é a rejeição de Brasil e Índia em abrirem seus mercados para os produtos industrializados.

Em Nova Déli, diplomatas afirmam que querem ampliar o atual acordo com o Mercosul. Mas, para isso, o Congresso brasileiro precisaria ratificar o entendimento que prevê cortes limitados de tarifas e inclui apenas parte do fluxo de comércio entre a Índia e o Mercosul. Apesar do obstáculo, Nath acredita que isso não será um problema para que uma nova fase do acordo possa ser debatida.

Os indianos estariam dispostos a oferecer um corte de até 50% em algumas das tarifas de importação para bens industriais exportados pelo País. Hoje, o acordo fala em corte de apenas 20%. O objetivo dos dois países é passar de um comércio de US$ 2,5 bilhões para mais de US$ 10 bilhões em poucos anos.

Mas a vontade política dos indianos nem sempre é compartilhada por outros países emergentes de abrir seus mercados a outros mercados em desenvolvimento. Um exemplo é a dificuldade que Brasil e Índia estão tendo em convencer os demais países pobres a reduzir as tarifas de importação entre eles. A iniciativa foi lançada em 2004, mas até hoje não conseguiu o consenso dos governos.