Título: Relatores são contra apurar caso Schincariol
Autor: Costa, Rosa e Scinocca, Ana Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/07/2007, Nacional, p. A5

PSOL quer incluir negócio familiar no processo contra Renan; conselho oficializa anulação de relatório anterior

Os três relatores do processo contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), informaram ontem que são contrários à inclusão de nova denúncia contra ele no processo em andamento no Conselho de Ética. O PSOL vai apostar na pressão popular para anexar na investigação do Conselho de Ética os dados sobre a venda de uma fábrica da família Calheiros à Schincariol.

Ontem o presidente do conselho, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), oficializou a decisão de anular o relatório que propunha arquivar o processo contra Renan, feito por Epitácio Cafeteira (PTB-MA). O novo relatório não tem data para ficar pronto.

Apesar de não haver pressão do prazo, os relatores Almeida Lima (PMDB-SE), Marisa Serrano (PSDB-MS)e Renato Casagrande (PSB-ES) são contra ampliar a investigação. Para eles, o procedimento é incompatível com as normas do colegiado. ¿É preciso nova representação, nova decisão da Mesa e novo relator¿, disse Marisa.

Para Almeida Lima, a iniciativa do PSOL mostra falta de comprometimento com o regimento: ¿Não podemos deixar que o interesse de um ou outro burle a legalidade da investigação.¿ Para Casagrande, ¿a questão da Schin, pelo que se tem até agora, está relacionada ao irmão¿ de Renan. ¿Isso só deveria ser reavaliado se no decorrer do processo aparecer comprometimento de Renan¿, disse.

A fábrica, segundo a revista Veja, foi vendida à cervejaria por R$ 27 milhões, embora não valesse mais que R$ 10 milhões. Renan teria atuado em favor da Schincariol junto ao INSS - para impedir que dívida de R$ 100 milhões fosse executada - e na Receita Federal - contra multa por sonegação de impostos.

O senador do PSOL José Nery (PA) confirmou que entrega hoje aos relatores o pedido para incorporar a denúncia ao processo. A presidente do partido, ex-senadora Heloísa Helena, lembrou que a mesma objeção foi feita quando o PSOL pediu que o Conselho de Ética apurasse a autenticidade dos documentos com que Renan queria comprovar o rendimento de R$ 1,9 milhão em quatro anos, com a venda de gado. ¿O pedido foi rejeitado, mas a pressão da opinião pública acabou fazendo com que os senadores recuassem e pedissem à Polícia Federal para periciar os papéis¿, afirmou. Renan é acusado de ter despesas pagas pelo lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, incluindo a pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha. Ele apresentou os papéis de venda de gado para mostrar que tem recursos para pagar a pensão.

RENAN VISITA ACM

Ontem, Renan não deu expediente. Usando jatinho da FAB, foi a São Paulo visitar o senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA), internado no Instituto do Coração (Incor). De acordo com a assessoria de Renan, ele não passou no Hospital Sírio Libanês, onde Cafeteira se submeterá a uma cirurgia hoje porque o parlamentar estava em fase pré-operatória.