Título: Tuma só espera posse para investigar Argello
Autor: Costa, Rosa e Scinocca, Ana Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/07/2007, Nacional, p. A6
Segundo corregedor do Senado, é preciso que suplente de Roriz assuma para que Justiça envie informações coletadas pela Polícia Civil de Brasília
O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), disse ontem que espera que Gim Argello (PTB-DF) assuma a vaga herdada de Joaquim Roriz (PMDB-DF) para ter acesso à documentação que envolveria seu nome no esquema apurado pela Operação Aquarela. Com base nela, Tuma antecipou que poderá abrir processo na corregedoria para investigar o suplente de Roriz. ¿Não teria sentido, depois da renúncia de Roriz, deixar passar em branco a mesma denúncia feita contra seu sucessor no cargo¿, afirmou.
Roriz renunciou ao mandato na semana passada para escapar de processo no Conselho de Ética. Ele foi flagrado em escutas telefônicas negociando a partilha de R$ 2,2 milhões com o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB) Tarcísio Franklin de Moura, que foi preso pela Polícia Civil de Brasília. Há suspeita de que Argello também tenha participação em esquema de desvio de recursos do banco.
Segundo Tuma, o juiz encarregado do caso, Roberval Belinati, da 1ª Vara Criminal de Brasília - com quem ele se reuniu na sexta-feira -, ficou de enviar à Corregedoria do Senado e ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) parte do inquérito que faz menção a Argello tão logo ele assuma sua cadeira na Casa.
Até ontem, Argello não havia dado nenhum sinal à Secretaria-Geral da Mesa do Senado sobre sua possível posse. Pelo regimento, ele tem 60 dias, prorrogáveis por mais 30 dias, para assumir sua cadeira na Casa.
Tuma disse não achar estranho o fato de Argello ainda não ter se pronunciado. ¿Eu não acho estranho. Acho que ele é muito vivo¿, ironizou, lembrando que essa precaução deve ser entendida como um cuidado do suplente em não faltar com a verdade caso, mais tarde, fique configurado seu envolvimento no esquema.
Integrante do Conselho de Ética, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) afirmou que Argello tem cerca de 50 processos na Justiça. De acordo com ele, embora se refiram ao período anterior ao mandato de senador, Argello pode ter se beneficiado do esquema em que Roriz estaria supostamente envolvido. ¿A impressão que se tem é de que se o Gim Argello abrir a boca ele está perdido, pois vai ter de mentir¿, disse Demóstenes. ¿Parece que ele não resiste a uma entrevista.¿