Título: Corrida às vagas já tira vantagem de ser cotista
Autor: Arruda, Roldão
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/07/2007, Nacional, p. A10

Na Universidade Federal de Alagoas a disputa de vagas pelo sistema de cota racial é tão grande que na maioria dos cursos já nem compensa concorrer por esse critério. ¿A nota de corte no vestibular acaba sendo a mesma para os cotistas e para os que concorrem pela seleção comum¿, diz a pró-reitora de graduação da escola, professora Maria das Graças Tavares.

¿O sistema é bom para cursos com demanda muito elevada, como o medicina, porque a média é muito alta¿, explica a pró-reitora. ¿Nesse caso, os cotistas, que disputam entre eles 20% das vagas oferecidas têm vantagens: não importa se a nota do último classificado pela seleção normal for 8 e a do primeiro classificado pelas cotas for 7. Os cotistas tem uma seleção à parte.¿

Na Federal de Alagoas, vale apenas a autodeclaração para o vestibulando concorrer a uma vaga pelo sistema de cota racial. Não há verificação posterior. Na maior parte das universidades, contudo, o estudante além de fazer uma declaração na qual se identifica como afrodescendente, tem de ser submetido a uma entrevista, após aprovação no vestibular. Uma comissão confirma, então, se pode ou não ser aceito na cota. É assim que ocorre, por exemplo, na Universidade Federal do Paraná. Algumas escolas exigem foto, outras não.

Uma das pioneiras na adoção do critério de cotas raciais, a Universidade de Brasília (UnB) enfrentou recentemente um episódio constrangedor, que pôs em evidência a precariedade dos sistemas adotados: a comissão encarregada da seleção aceitou um rapaz na cota de estudantes afrodescendentes e rejeitou o irmão dele, gêmeo univitelino, idêntico.