Título: Erosão de apoio leva Casa Branca a debater saída gradual do Iraque
Autor: Sanger, David E.
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/07/2007, Internacional, p. A12

Maus resultados no esforço de garantir a segurança põem em xeque plano de Bush de longa permanência no país

Segundo várias fontes do governo, a Casa Branca teme que o apoio político à guerra no Iraque esteja ruindo, principalmente entre os senadores republicanos. A maioria concorda que se intensificou o debate no interior do governo sobre se o presidente George W. Bush deve ou não tentar impedir outras deserções de senadores anunciando a intenção de dar início a uma retirada gradual das tropas americanas de Bagdá.

Bush e seus assessores até pensaram que poderiam esperar para começar essa discussão depois de 15 de setembro, quando o principal comandante e o novo embaixador americano em Bagdá devem fazer uma exposição sobre a eficácia do aumento no número de soldados anunciado pela Casa Branca em janeiro.

Contudo, alguns assessores de Bush reconhecem que, de repente, uma série de fatores se combinaram contra o governo exatamente quando o Senado se prepara para começar o que promete ser um debate polêmico sobre o financiamento da guerra.

Recentemente, cinco senadores republicanos declararam que não irão mais apoiar a estratégia de Bush, entre eles congressistas veteranos que até agora vinham expressando suas dúvidas apenas em conversas privadas (leia ao lado). Por isso, alguns assessores passaram a aconselhar o presidente que, se ele quiser impedir mais deserções, seria sensato anunciar planos para uma missão bem definida para os soldados americanos no Iraque. Algo que permitisse uma retirada por etapas. No entanto, esse tipo de estratégia foi rejeitada por Bush em dezembro. Na época, o presidente disse que se tratava de ¿uma receita para a derrota¿.

¿Quando fazemos a contagem dos votos que perdemos e dos votos que podemos perder nas próximas semanas, o cenário é bastante melancólico¿, disse um funcionário de alto escalão do governo que, como os outros envolvidos nas discussões sobre as deliberações internas da Casa Branca, não quis se identificar.

A mesma conclusão foi repetida em entrevistas concedidas nos últimos dias por funcionários graduados do Pentágono, do Departamento de Estado e da Casa Branca, assim como analistas independente, que foram consultados sobre o que o governo deveria fazer a seguir. ¿Agora, o dia 15 de setembro parece muito mais um ponto final no debate do que um ponto de partida¿, disse uma autoridade do governo. ¿Muita gente está chegando à conclusão de que o presidente precisa pôr-se à frente desse comboio.¿

As discussões tornaram-se mais intensas no último fim de semana em sessões que incluíram o consultor de segurança de Bush, Stephen Hadley, seu estrategistas de mais longa data, Karl Rove, e seu chefe de gabinete, Josh Bolton.

As opiniões de muitos participantes nessa discussão ainda não estão claras. Além disso, as autoridades entrevistadas não conseguiram oferecer nenhuma visão sobre o que o vice-presidente Dick Cheney vem dizendo a Bush.

DESMENTIDO OFICIAL

A Casa Branca fez questão de negar ontem que o presidente esteja pensando em retirar as tropas do Iraque. O porta-voz Tony Snow disse que os soldados adicionais, requisitados por Bush, acabaram de chegar ao Iraque. ¿Não dá para esperar uma significativa melhora da situação tão rápido¿, disse Snow. Harry Reid, líder democrata no Senado, respondeu, declarando à imprensa que não pretende esperar os relatórios militares e continuará tentando aprovar a retirada dos soldados do Iraque.

Na quinta-feira, o Senado deve votar a proposta de autoria conjunta do democrata Jim Webb e do republicano Chuck Hagel, que determina que os soldados fiquem nos EUA pelo mesmo período de tempo que passaram em combate no front. Outra medida que deverá ser apreciada em breve é a do senador democrata Carl Levin, que obrigaria a retirada dos EUA num prazo de 120 dias.

COM AP