Título: Merkel quer salvar Doha e telefona para Lula
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/07/2007, Economia, p. B12

A Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) terá mais uma chance na segunda-feira, em Genebra, quando os presidentes dos grupos negociadores dos capítulos agrícola e industrial/serviços apresentarão suas propostas de um acordo final.

A data de divulgação dos textos foi definida pelo diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, que tomou as rédeas do processo depois do fracasso da tentativa de um pré-acordo entre União Européia, Estados Unidos, Brasil e Índia em Potsdam, na Alemanha, no mês passado.

Preocupada com o possível desinteresse do Brasil na rodada, a chanceler alemã, Angela Merkel, telefonou ontem para o o presidente Luís Inácio Lula da Silva. Ambos acertaram um encontro entre o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e os negociadores europeus no fim de semana, na Europa, onde o brasileiro fará escala em sua viagem a caminho da Índia. Até a noite de ontem, a reunião não fora confirmada pelo Itamaraty.

Cautelosos, os negociadores brasileiros preferem esperar pela divulgação das propostas de acordo dos comitês negociadores. De acordo com fontes, o sinal emitido pelo comissário europeu do Comércio, Peter Mandelson em Lisboa, na semana passada, de que a União Européia estaria disposta a aceitar um corte na metade do universo do setor industrial brasileiro - ou seja, em 4.400 itens - não trouxe clareza para a negociação com o Brasil.

Na conversa com a chanceler da Alemanha, Lula citou o cenário que levou ao fracasso em Potsdam - a oferta americana de corte menor em seus subsídios agrícolas, a proposta européia de menor abertura agrícola e a exigência de ambos de redução nas alíquotas de importação de 5 mil itens industriais brasileiros.

O presidente brasileiro reiterou a Merkel que o Brasil somente vai demonstrar flexibilidade se os outros países se mostrarem dispostos a também serem flexíveis. O presidente Lula insistiu que somente uma reunião de chefes de governo poderia acabar com o impasse. Merkel concordou.

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