Título: Manufaturados são afetados
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/07/2007, Economia, p. B12

Câmbio leva exportações do item a cair de 57% para 41%

A participação dos produtos manufaturados - que têm maior valor agregado - no crescimento das exportações despencou este ano. No primeiro semestre do ano passado, os produtos industriais foram responsáveis por 57% do avanço das vendas externas. E, no mesmo período deste ano, essa contribuição caiu para 41%, segundo levantamento feito pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Os dados mostram que a maior parte do avanço de 20% nas exportações brasileiras no primeiro semestre do ano foi impulsionado pelas commodities e pelos produtos semimanufaturados. Essas duas categorias de produtos responderam por 59% do crescimento das exportações brasileiras no período - no ano passado essa contribuição havia sido de apenas 37,5%.

Na avaliação do Iedi, a valorização do real está prejudicando a venda de manufaturados ao exterior.

A perda de relevância dos produtos industriais nas exportações é ruim, explica o economista da entidade, Edgard Pereira. Em linhas gerais, a produção de manufaturados gera maior agregação de valor e maior renda para a economia, em comparação com outros produtos, como os básicos, por exemplo. O processo de fabricação das manufaturas utiliza mais insumos e movimenta mais cadeias produtivas, diz Pereira.

'Também são segmentos que têm maior nível de emprego. Está havendo uma troca de segmentos que geram mais renda interna e mais empregos por segmentos que geram menos renda interna e menos empregos', afirma o economista do Iedi, insistindo que os produtos industriais perdem mais competitividade com o dólar baixo.

LUZ AMARELA

O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, concorda com a análise. 'A luz amarela está claramente acesa. E isso o próprio governo reconhece, quando cria financiamentos para os segmentos mais prejudicados pelo câmbio. Ele está admitindo que o câmbio está afetando e precisa dar alguma coisa para compensar a defasagem da taxa cambial.'

'Se o retrocesso industrial da pauta exportadora for permanente, estaremos diante de problemas estruturais graves: serão menores os ganhos de produtividade que as exportações são capazes de gerar para a indústria e as exportações do País ficarão mais dependentes de condições internacionais favoráveis como as que vêm vigorando nos últimos anos', afirma o documento do Iedi.