Título: Cargos fazem PMDB adiar apoio à CPMF
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/07/2007, Nacional, p. A5

Caso Renan contribui para deixar votação para agosto

A prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), que o governo queria aprovar com a ajuda do PMDB antes do recesso parlamentar, vai ficar para agosto. Não bastasse a crise política que abate a cúpula peemedebista no Senado e contamina a bancada da Câmara, o Palácio do Planalto vê agora acirrar a queda-de-braço com a direção do partido em torno de cargos de comando em estatais. O primeiro produto desse enfrentamento é que a CPMF saiu da pauta de votação da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.

O ponto de discórdia que ameaça suprimir R$ 153 milhões do caixa do governo, por cada dia sem CPMF a partir de 1º de janeiro do ano que vem, é a presidência de Furnas Centrais Elétricas. A bancada fluminense, a maior do partido, com 11 representantes, escolheu o ex-prefeito do Rio Luiz Paulo Conde para o posto. Mas, como a nomeação não sai, a despeito das promessas de ministros e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, setores do PMDB nacional falam em ¿dar o troco ao governo¿, que tem prazo até 30 de setembro para aprovar a prorrogação sem causar prejuízos ao Tesouro.

¿Ficamos quatro anos na oposição ao governo Lula e, para ficar mais três anos e meio, não custa¿, diz o deputado Nelson Bornier (PMDB-RJ), ao resumir o sentimento de ¿revolta¿ da bancada fluminense. ¿Sem sombra de dúvida, na hora em que aprovarmos essa CPMF os ministros nem nos cumprimentarão mais.¿

Para desespero do governo, tanto o presidente da CCJ, Leonardo Picciani, quanto o relator da CPMF, Eduardo Cunha, são do PMDB fluminense. Cunha já adiantou a sua disposição de apresentar parecer favorável à prorrogação do chamado imposto do cheque, mas a sua bancada quer deixar claro que não facilitará a vida de um governo que não cumpre com a própria palavra. Ainda que a CPMF entre na pauta de amanhã e Cunha apresente imediatamente seu parecer, não haverá votação. Como o DEM já está obstruindo a aprovação da proposta, ninguém tem dúvida de que um deputado pedirá vista pelo prazo de duas sessões, adiando a votação para agosto.

O que mais irritou os peemedebistas do Rio foi o Diário Oficial da União que trouxe a nomeação do ex-deputado Moreira Franco (PMDB-RJ) para uma das vice-presidências da Caixa Econômica Federal na semana passada.

Como Moreira era uma indicação do presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), e do líder na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), eles acusaram o Planalto de atender apenas à direção partidária, ignorando a bancada.

Diante da insatisfação, Temer e Henrique Alves foram ao Planalto na semana passada, em busca de uma solução que tranqüilizasse os peemedebistas e o governo. O ministro das Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia, garantiu-lhes que Conde receberia ¿um sinal¿ do governo de que sua nomeação é apenas uma questão de tempo. O aceno viria na forma de um telefonema ao próprio Conde, ou de um convite para um café no Planalto, que apaziguasse os ânimos.

O sinal que deveria facilitar a aprovação da CPMF na CCJ, porém, não veio, agravando a desconfiança das duas partes. Afinal, o Planalto insiste em ter a CPMF prorrogada antes de concluir as nomeações. A situação complicou-se ontem, quando Lula declarou de público que não reconduzirá de imediato o ex-ministro Silas Rondeau ao Ministério das Minas e Energia.

FRASES

Nelson Bornier Deputado (PMDB-RJ)

¿Ficamos quatro anos na oposição ao governo Lula e, para ficar mais três anos e meio, não custa¿

¿Sem sombra de dúvida, na hora em que aprovarmos essa CPMF os ministros nem nos cumprimentarão mais¿