Título: Para CGU, relatório do Bird é 'ridículo'
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Fonte: O Estado de São Paulo, 12/07/2007, Nacional, p. A12

Hage ironiza e afirma que índices da pesquisa são tão `confiáveis¿ que nem a própria instituição os utiliza

A Controladoria-Geral da União (CGU) contestou duramente o resultado do relatório divulgado anteontem pelo Banco Mundial, o Bird, que apontou uma piora no controle da corrupção no Brasil. Em nota, o ministro-chefe da CGU, Jorge Hage, atacou a credibilidade do estudo e classificou como ¿ridículo¿ o fato de tal avaliação ter sido feita com base nos critérios que foram adotados pela instituição.

¿É simplesmente ridículo afirmar, com base nesse tipo de indicador, que o controle da corrupção piorou no Brasil¿, afirmou o ministro, ressaltando que o índice utilizado pelo Banco Mundial não mede a corrupção, mas ¿apenas percepções sobre os fatos que são revelados¿ sobre o assunto. ¿E isso tem realmente aumentado no Brasil a partir do momento em que se passou a investigar e revelar a corrupção que sempre existiu.¿

O relatório do Banco Mundial concluiu que houve piora do controle da corrupção ao apontar que o Brasil atingiu um índice de 47,1 em uma escala de 0 a 100, revertendo a tendência de queda que se manifestava desde o ano 2000. O índice, segundo o banco, mede ¿a extensão em que o poder público é usado para ganhos privados, incluindo pequenas e grandes formas de corrupção, assim como o `seqüestro¿ do Estado pelas elites e pelos interesses privados¿. A performance do Brasil nesta edição do estudo foi a pior desde 1996.

Ao contestar o relatório, Hage ironizou a metodologia e os critérios usados pelo banco. ¿Os índices divulgados pelo Banco Mundial são tão `confiáveis¿ que nem ele próprio os utiliza para coisa alguma. Está dito com destaque na publicação que `estes dados e esta pesquisa não refletem a visão oficial do Banco Mundial, nem dos seus diretores, nem são usados para alocação de recursos ou para qualquer outra finalidade¿.¿

¿MIRABOLANTES¿

Hage disse que os dados do levantamento resultaram de uma ¿mixórdia de questionários¿, aplicados por instituições diferentes em cada país e submetidos a ¿exercícios estatísticos mirabolantes e que não resistem a nenhum teste cientificamente sério¿.

Ao rebater a avaliação, Hage declarou ainda que o Brasil foi avaliado recentemente por organismos como a Organização dos Estados Americanos (OEA) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) no que se refere à questão da corrupção. Insistindo em que as análises em questão eram ¿tecnicamente sérias¿, o ministro ressaltou que o País ¿saiu-se muito bem¿. Para completar, Hage afirmou que países classificados pelo Banco Mundial em melhores posições têm se inspirado no País para montar sua estratégia de combate à corrupção.