Título: China endurece fiscalização de alimentos e remédios
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Fonte: O Estado de São Paulo, 12/07/2007, Internacional, p. A15
Preocupado com recentes escândalos e má repercussão internacional, governo anuncia novas medidas de controle de produtos nacionais
A Administração Estatal de Alimentos e Remédios (Aear) da China anunciou ontem uma série de medidas para aumentar o controle de alimentos e remédios produzidos no país, um dia após a execução do ex-chefe da Aear por corrupção. Com as novas regras, a China quer acabar com os escândalos envolvendo os produtos do país, que podem acabar prejudicando suas exportações.
Entre as medidas anunciadas, está o novo regulamento para aprovação de medicamentos, que será adotado em outubro. Com isso, o governo chinês tenta evitar casos similares ao do ex-chefe da Aear - organismo com status de ministério - Zheng Xiaoyu, que recebeu US$850 mil de empresas farmacêuticas para aprovar remédios não testados. Um dos medicamentos aprovados, um antibiótico, teria causado a morte de dez pessoas.
Além do controle de remédios, a China pretende apertar o cerco aos fabricantes de alimentos. O país quer fechar metade das fábricas pequenas e sem certificação de qualidade do governo até 2009. A China tem hoje 448 mil fabricantes de alimentos, dos quais metade não tem certificação completa e um terço é ilegal. Empresas alimentícias chinesas são freqüentemente acusadas de usar produtos contaminados ou de má qualidade, além de não respeitarem regras de higiene. Na Província de Shenzhen, por exemplo, autoridades investigam um mercado que vendia carne de porcos doentes. A China também proibiu ontem o uso do solvente glicol dietileno na fabricação de creme dental. A substância tóxica causou crises de saúde em vários países, entre eles o Panamá. Em outro episódio, dezenas de animais de estimação morreram nos EUA, após ingerirem ração contaminada de origem chinesa.
Irritados com os escândalos diários vinculados a alimentos ou remédios, os chineses comemoraram ontem, pela internet, a execução de Zheng. 'Nosso país não terá paz até que os funcionários corruptos sejam executados. Matem mais!', foi uma das mensagens deixadas no site Sina.