Título: EUA estudam recuo interno
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/07/2007, Internacional, p. A14

Tropas iriam de Bagdá para várias bases fortificadas

As últimas boas opções dos EUA no Iraque evaporaram há muito tempo e sair provavelmente será mais complicado e mais sangrento que entrar. Quer eles vão para o norte ou para o sul, os 160 mil soldados americanos hoje no Iraque provavelmente terão de lutar no caminho contra inimigos diversos. Essa perspectiva aterradora e o doloroso simbolismo da retirada são, em si, argumentos poderosos para a inércia. A tentativa de avançar reforçando as tropas até agora deu poucos frutos, enquanto qualquer tentativa de recuar está repleta de novos perigos. Mas ¿manter o curso¿ também está tendo um custo crescente.

O governo e alguns generais dos EUA argumentam que ainda é cedo para julgar o recente reforço militar americano e levará mais tempo para que os esforços de fortalecer as tropas iraquianas e pacificar o Iraque dêem frutos.

O comandante da coalizão no Iraque, general David Petraeus, insinuou que sua exposição ao Congresso em setembro não dará um veredicto claro sobre o estado da guerra, e o governo Bush claramente espera evitar qualquer decisão que possa ser interpretada por seus aliados como uma admissão de derrota.

Uma opção que foi discutida por Washington antes do reforço e ressurgiu depois dele é retirar suas tropas da linha de fogo em cidades como Bagdá e Baquba e instalá-las em bases ¿duradouras¿ bastante fortificadas, espalhadas pelo Iraque. Tropas americanas só sairiam dessas bases para lançar ataques de elite ou bombardeios aéreos aniquiladores em missões específicas de apoio ao governo iraquiano.

A opção promete reduzir drasticamente o índice de baixas americanas (provavelmente à custa do Exército iraquiano) e, portanto, aliviar a pressão política nos EUA. Ela também permitiria que a Casa Branca a classificasse como redistribuição de tropas, em vez de retirada. Isso tornaria a ocupação menos visível e poderia ajudar a desarmar a ira popular que hoje alimenta a insurgência, enquanto deixa uma ajuda militar essencial à mão para o governo iraquiano. Por outro lado, isso poderia trazer o pior dos dois mundos: abandonar as forças vacilantes do governo iraquiano nas ruas e desacreditá-las ainda mais com o prolongamento da ocupação.

Uma variante poderia incluir uma retirada para bases na região (no Catar, no Bahrein e talvez na Turquia), encerrando formalmente a ocupação, mas conservando a capacidade de intervir em circunstâncias como uma ameaça de invasão por um dos vizinhos do Iraque.