Título: Bush rejeita mudar plano para Iraque
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Fonte: O Estado de São Paulo, 11/07/2007, Internacional, p. A14

Decisão sobre retirada de tropas deve ser tomada por militares e não por políticos em Washington, diz presidente

WP, Reuters, NYT e AP, Washington

Apesar do baixo índice de popularidade, da pressão dos democratas e da deserção de senadores republicanos favoráveis ao fim do conflito no Iraque, o presidente George W. Bush reiterou ontem que os EUA continuam em guerra e suas tropas ficarão onde estão. Em discurso feito a empresários em Cleveland, ele voltou a pedir paciência aos americanos.

¿Os críticos da guerra deveriam deixar o general (David) Petraeus dizer se nossa estratégia está dando certo. Só então poderemos pensar (no que faremos) mais adiante¿, afirmou, referindo-se ao prazo para que o comandante militar americano no Iraque apresente uma avaliação sobre os progressos no país do Golfo. O prazo expira em setembro. Com os 30 mil soldados enviados recentemente, os efetivos americanos no Iraque chegaram a 160 mil. Segundo Bush, o novo contingente não teve tempo de mostrar resultados: ¿Estamos apenas começando.¿

Antes do discurso em Cleveland, o presidente afirmou à imprensa que qualquer decisão sobre a retirada das tropas deve ser tomada pelos militares, não pelos políticos em Washington. Contudo, sua situação está cada vez mais difícil porque vários senadores republicanos, a maioria buscando a reeleição no ano que vem, demonstram impaciência com a falta de resultados. Cinco já mudaram de lado. Ontem foi a vez de a senadora Olympia Snowe reclamar. ¿A maré está virando¿, disse ela. ¿Do jeito que está, em setembro os democratas terão votos para aprovar um cronograma de retirada.¿

O maior medo dos republicanos é ver a impopularidade de Bush se transformar em votos para os democratas em 2008. Ontem a guerra no Iraque bateu novo recorde de rejeição. De acordo com pesquisa do Gallup, apenas 29% dos americanos apóiam a estratégia do presidente no Iraque. Em junho, eram 33%.

A situação deve piorar durante a semana. Amanhã deve ser entregue ao Congresso um relatório da Casa Branca sobre os progressos do governo iraquiano para a estabilização do país. Na segunda-feira, um funcionários americano disse que um esboço do relatório apontava que Bagdá não cumpriu nenhuma das metas fixadas por Washington. Ontem, porém, outros funcionários indicaram que o texto não é tão crítico e conclui que Bagdá fez avanços em ¿metade das áreas mais importantes¿ - as fontes não especificaram quais -, embora não tenha aprovado leis-chave para a união nacional e a recuperação econômica. De qualquer forma, a expectativa é que o documento mostre resultados pouco convincentes, o que aumentaria a insatisfação com o governo.

A semana deverá ser ainda mais complicada para a Casa Branca por causa de um outro assunto: o secretário de Justiça Alberto Gonzales. Ontem o Washington Post levantou suspeitas de que Gonzales teria mentido ao Congresso. De acordo com documentos divulgados pelo jornal, em 21 de abril de 2005 Gonzales recebeu um relatório do FBI com informações sobre espionagem e buscas ilegais feitas por agentes da polícia federal. Seis dias depois, ele declarou ao Congresso que não tinha conhecimento de nenhuma irregularidade cometida pelo FBI. Pela lei americana, mentir ao Congresso é crime.

FRASES

George W. Bush Presidente dos EUA

'Qualquer decisão sobre a retirada das tropas deve ser tomada pelos militares, e não pelos políticos em Washington'

¿Os críticos da guerra deveriam deixar o general (David) Petraeus dizer se nossa estratégia está dando certo. Só então poderemos pensar mais adiante¿

¿Nossos soldados acabaram de chegar ao Iraque. Estamos apenas começando¿

CUSTO DA GUERRA

12 bilhões de dólares são gastos por mês pelos EUA 610 bilhões de dólares é quanto os EUA já gastaram desde 11/9